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Sensibilidade social do Orçamento mitiga efeitos da crise e afasta direita “irresponsável”

Sensibilidade social do Orçamento mitiga efeitos da crise e afasta direita “irresponsável”

A presidente do Grupo Parlamentar do PS, Ana Catarina Mendes, congratulou-se hoje com um Orçamento que se foca na sensibilidade social, o que “afasta, naturalmente, a direita parlamentar das soluções aqui inscritas”, já que a direita dos dias de hoje é composta por “liberais que advogam o desmantelamento do Estado” e por “populistas” que apostam na “exploração do medo”, e deixou o alerta de que “os tempos não são para ‘achismos’”, por isso “quem está na linha da frente é convocado diariamente a tomar medidas”.
Ana Catarina Mendes

A líder da bancada socialista recordou que, “um mês depois da votação do Orçamento do Estado na generalidade, a pandemia agravou-se”, tendo sido decretado novamente o estado de emergência. Por isso, em tempos difíceis é preciso “distinguir, mais do que nunca, o essencial do acessório”.

“Assumindo as nossas responsabilidades perante os portugueses, temos o dever de não nos perdermos em discussões que podemos ter amanhã, e temos a obrigação de não pôr em causa o caminho de recuperação estrutural do país que temos percorrido desde novembro de 2015”, com o apoio dos partidos da esquerda, que teve “resultados muito positivos até março”, frisou durante o encerramento da discussão do Orçamento do Estado para 2021.

Ana Catarina Mendes defendeu depois que, “em termos políticos, a aprovação deste Orçamento do Estado é uma derrota da direita, que mostrou a sua total irresponsabilidade, como muito bem vimos ontem, e hoje repetida, quando, na 25ª hora, na calada da noite, o PSD, sem dizer nada aos portugueses, aprova uma proposta do Bloco de Esquerda que coloca não só o sistema financeiro em risco, mas também a credibilidade internacional do nosso país”.

E repetiu o aviso: “O PSD assume perante o país o risco de Portugal ser considerado um país que não cumpre contratos”. “Pela primeira vez, o PSD rompe também compromissos europeus de consequências imprevisíveis”, alertou a dirigente socialista, que garantiu que “a bomba atómica” que o PSD lançou só serve para “criar instabilidade política, esquecendo que, com isso, quem sofre e quem paga são os portugueses”.

“Sabemos bem que a liderança do Dr. Rui Rio coloca o PSD a dizer tudo e o seu contrário: num dia, considera que os contratos do Estado são para cumprir; no outro dia, rasga esses contratos. Num dia, jura fidelidade à Europa, no outro dia aprova decisões que rompem com os compromissos europeus”, denunciou.

Ana Catarina Mendes descreveu depois o quadro da direita de hoje em Portugal: “Um somatório errático de liberais que advogam o desmantelamento do Estado, com populistas que fazem da exploração do medo o seu modo de participar na vida política, esperando que da exploração dos descontentamentos radique a sua força”.

A presidente do Grupo Parlamentar do Partido Socialista recordou ainda a “irresponsabilidade recente” quando o PSD se juntou “à extrema-direita populista, que hoje tem novo alvo: a estigmatização dos pobres, dos mais vulneráveis, como se os pobres fossem pobres por escolha, como se os pobres fossem pobres porque querem”.

Dirigindo-se diretamente ao deputado do PSD Rui Rio, Ana Catarina Mendes asseverou que “não é momento para tanta brincadeira e tão pouca seriedade neste debate”.

Por todos estes motivos, “a esquerda precisa de não se enganar nem no caminho, nem na companhia que escolhe”, vincou a socialista, num recado direcionado à bancada do Bloco de Esquerda, até porque os portugueses confiaram no PS e na esquerda para garantir que os seus direitos são respeitados.

BE dá o braço à direita e repete o erro na votação do OE

“O Bloco [de Esquerda] repete o erro da sua votação na generalidade deste Orçamento do Estado: vota contra as suas próprias propostas, e quer abrir o caminho a que Portugal volte à austeridade, desta vez com uma direita de braço dado com a extrema-direita populista”, lamentou Ana Catarina Mendes, que afirmou que, se o Bloco de Esquerda for “coerente, votará a favor deste Orçamento, porque aprovou a única proposta que o Bloco de Esquerda queria”.

A socialista frisou que “o Bloco de Esquerda não conta para a solução, mas para a pequena confusão”, já que “esteve ausente neste debate, desertou nas respostas que o Orçamento tem, votou contra a dedicação plena dos profissionais de saúde que tanto tinha reivindicado, absteve-se na calendarização dos profissionais de saúde, ignorou que havia um debate e que podia ter para ele contribuído”.

No entanto, “a legislatura está a meio” e Ana Catarina Mendes admitiu que acredita que a esquerda voltará, “sem encenações, estados de alma ou angústias, a convergir no essencial”.

A presidente da bancada do PS destacou depois o Orçamento que “não recua um milímetro em relação ao caminho dos últimos cinco anos e concentra-se na resposta à exigência do momento, a pandemia”; que “responde à proteção dos rendimentos das famílias, em particular das camadas mais vulneráveis da população”; que “responde à preservação do tecido produtivo, condição essencial para que possamos recuperar mais rapidamente da quebra histórica do PIB que teremos em 2020”; e que “responde ao presente com os olhos postos na construção do futuro”.

A líder parlamentar socialista garantiu que o PS “está aberto, como sempre esteve”, ao diálogo à esquerda e tudo fará para que “a separação que hoje aqui se viu entre o Bloco e as forças progressistas não se repita”.

No final da sua intervenção, Ana Catarina Mendes saudou também “o esforço e a responsabilidade do PCP, do PEV, do PAN e das deputadas não inscritas para convergirmos neste Orçamento do Estado”.

O Orçamento do Estado para 2021 foi hoje aprovado em votação final global com o voto favorável do Partido Socialista, com a abstenção do PCP, do PEV, do PAN e das duas deputadas não inscritas, e com os votos contra do Bloco de Esquerda, do PSD, do CDS, da Iniciativa Liberal e do Chega.