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PSD está claramente a atravessar uma crise

PSD está claramente a atravessar uma crise

Na opinião do presidente do PS, o PSD anda um bocado perdido. “Está claramente a atravessar uma crise”, dando Carlos César o exemplo do grupo parlamentar “onde detetamos dois ou três grupos razoavelmente organizados”, o que cria, diz, “uma dificuldade suplementar para uma interlocução”.

Nesta entrevista, o líder parlamentar e presidente do PS começou por abordar o trabalho sobre o Orçamento do Estado (OE) para 2017, confirmando o que há muito já se sabia: que as negociações com os partidos que apoiam parlamentarmente o Governo têm vindo a correr bem e numa “base séria e responsável”, até porque ninguém tem dúvidas, como sustentou, dos obstáculos e das “limitações” que o país tem, quer a nível financeiro, quer perante os constrangimentos impostos por Bruxelas.

Depois de recordar que o compromisso do Governo é o de trabalhar no sentido da recuperação dos rendimentos das famílias, da reposição dos mínimos sociais e de um Estado Social eficiente, mas também, como lembrou, com os olhos postos na recuperação da economia, Carlos César não deixou de alertar para o período difícil que o país ainda atravessa, quer a nível interno, quer “no contexto externo”, lembrando a propósito a herança deixada pelo anterior Governo, com “milhares e milhares de empresas destruídas” com tudo o que isso implica de desemprego e de destruição da estrutura empresarial.

Uma das heranças mais “tristes e pesadas”, deixadas pela direita, recorda o presidente do PS, voltou ontem mesmo a ser assinalada pelo INE, quando refere que, entre 2011 e 2013, as famílias mais pobres viram o seu rendimento diminuir cerca de 70%, o que para Carlos César para além de ser “uma crueldade” representa também uma “cegueira” do ponto de vista político.

Inverter esta e outras situações de grande injustiça social, praticadas pelo Governo PSD/CDS, é uma tarefa, segundo o líder parlamentear do PS, que tanto o OE de 2016, como o do próximo ano, pretendem remediar, designadamente, “melhorando os rendimentos médios das famílias”, o que “já aconteceu este ano”, mas também apostando na “qualidade dos serviços públicos e nas prestações sociais”.

Política fiscal do Governo é amiga das famílias e da economia

Na entrevista, Carlos César garante também que, ao contrário do que tem sido afirmado por PSD e CDS, a carga fiscal tem vindo efetivamente a baixar desde que o Governo do PS assumiu funções governativas.

O líder parlamentar socialista lembra, a propósito, que caso a direita se tivesse mantido no Governo, e tendo por base o programa de estabilidade que enviou para Bruxelas, os impostos sobre o trabalho e os trabalhadores subiriam muito mais do que o Governo do PS propõe e projeta, garantindo que a política fiscal do executivo liderado por António Costa “é amiga da economia” e das famílias portuguesas.

Investidores alemães em Portugal contrariam o senhor Schauble

Carlos César também não gostou de ouvir a apreciação que o ministro alemão das Finanças fez sobre o Governo português, lamentando não ser esta a primeira vez que o alemão se imiscui na política interna de outros estados europeus.

Trata-se, segundo o presidente do PS, de um “incendiário que se propõe vender a imagem de bombeiro”, congratulando-se com o facto de nem todos os cidadãos da Alemanha terem a mesma opinião, “uma vez que investem em Portugal”, lembrando a propósito os investimentos alemães na Volkswagen ou na Continental, e “noutros investimentos com capital alemão que estão em curso em Portugal”.

Estes investidores alemães, disse ainda Carlos César, “compreendem bem”, que a economia portuguesa “tem potencial” e que a estabilidade política trazida por este Governo do PS “é um bem que eles preservam e apreciam em Portugal”, reconhecendo que o país reúne todas as “condições para progredir com a actual política” do Governo do PS.

Financiamento público dos partidos é conquista da democracia

Defendendo que os partidos políticos devem ser vistos “não como um mal menor da democracia, mas como um bem maior do regime democrático”, devendo ser olhados, como sustentou, como “veículos privilegiados de participação nas democracias participativas e parlamentares”.

Para Carlos César os partidos “têm de ser valorizados” e não ostracizados, “como tantas vezes sucede”, e o seu financiamento deve continuar a ser público, defendendo que esta solução deve ser vista como uma “conquista da democracia” e não como uma despesa ou desperdício de recursos.

O presidente do PS não deixa contudo de conceder poder haver “uma pequena, mínima, diminuição” na subvenção que o Estado atualmente concede aos partidos, não excluindo que possa haver uma redução maior nos apoios financeiros atribuídos para as campanhas eleitorais.