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Plano de reestruturação da TAP visa garantir sustentabilidade a médio prazo

Plano de reestruturação da TAP visa garantir sustentabilidade a médio prazo

O Governo apresentou na passada sexta-feira, em Lisboa, os detalhes da proposta inicial de reestruturação da TAP entregue à Comissão Europeia, tendo o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, e o secretário de Estado do Tesouro, Miguel Cruz, afirmado que o objetivo principal do plano visa garantir a viabilidade e a sustentabilidade da companhia aérea portuguesa a médio prazo.
Plano de reestruturação da TAP visa garantir sustentabilidade a médio prazo

Em conferência de imprensa, os dois membros do Governo explicaram a transformação significativa que o Estado pretende implementar na TAP através de medidas de eficiência operacional, de um redimensionamento da frota e de redução das despesas com pessoal.

O ministro das Infraestruturas e da Habitação salientou que a TAP deverá começar o ano de 2021 com 88 aeronaves – o número mínimo para não pôr em risco a função de hub que desempenha – e promover uma “substituição de aviões por outros mais pequenos e eficientes energeticamente”.

“Portugal tem uma vantagem que mais nenhuma localização geográfica na Europa tem: faz a ligação para os Estados Unidos e para o norte do Brasil com estes aviões mais pequenos (A321 Long Range), ganhando uma vantagem competitiva”, afirmou.

Pedro Nuno Santos referiu também a necessidade de ajustar o número de trabalhadores necessários para uma empresa que terá 88 aviões a voar e com as horas de utilização previstas. “O que temos de fazer é fundamental para conseguir salvar a companhia, para que possa continuar a existir num patamar de maior competitividade e que consiga crescer e voltar a recuperar algum do emprego que não consegue manter neste momento”, disse.

“A reestruturação, feita com dinheiro de todos os portugueses, tem de ser feita de forma assertiva, com seriedade e a pensar em proteger quem trabalha na companhia e, ao mesmo tempo, controlar o montante de dinheiro público que fará parte do resgate”, sublinhou.

O plano de reestruturação prevê assim um corte de 2.000 trabalhadores entre 2021 e 2022, implementando ainda um corte salarial progressivo até 25%, que vai “permitir poupar entre 600 e 1.000 postos de trabalho”.

“Se não fizéssemos uma redução salarial, teríamos de despedir mais 600 a 1.000 trabalhadores. Os postos são preservados com a redução da massa salarial”, acrescentou o governante.

Comparação com competidores e impacto da TAP na economia nacional

Pedro Nuno Santos referiu também que a TAP tem, atualmente, mais tripulantes e pilotos por avião do que os concorrentes diretos, algo que reduz a produtividade da empresa. “Precisamos de conseguir corrigir esta diferença face aos nossos concorrentes se quisermos ser competitivos e não perder mercado, salvar a TAP e voltar a ter a empresa a crescer, e de forma mais saudável do que tínhamos até agora”, explicou.

Os ajustamentos da massa salarial vão permitir 1,4 mil milhões de euros de poupança até 2024 e o ministro salientou que foi apresentado ao sindicato um conjunto de medidas voluntárias que permitem reduzir o número de saídas previstas: horários de part-time, saídas por mútuo acordo, reformas antecipadas e licenças sem vencimento.

“É um processo duro de difícil gestão política, sindical e internacional, na relação com a Comissão Europeia, mas um processo ao qual temos de dar resposta, porque seria tremendamente negativo e desastroso para a economia portuguesa se perdêssemos a TAP”, disse.

Pedro Nuno Santos sublinhou ainda que a TAP tem de ser avaliada pelo que significa para a economia portuguesa e não apenas pelas viagens que faz. “Em 2019 contribuiu com 2,6 mil milhões de euros de exportações e comprou 1.300 milhões de euros a mais de mil empresas portuguesas”, afirmou o ministro, lembrando, por seu lado, o secretário de Estado do Tesouro, Miguel Cruz, que a transportadora pagou ainda um valor estimado de 1.800 milhões de euros em contribuições e impostos.

Recuperação e financiamento da TAP

Miguel Cruz explicou, também, que o cenário do Governo prevê que a TAP possa alcançar um equilíbrio operacional entre 2022 e 2023 e o equilíbrio dos resultados líquidos entre 2023 e 2024.

“Alcançar as metas nas datas previstas é importante para a credibilidade do plano de reestruturação e para a posição da TAP junto dos mercados financeiros”, referiu, acrescentando que o Governo “tem estado em contacto com a Comissão Europeia, apresentou a proposta e irá agora trabalhar em articulação com a comissão porque há uma série de referenciais de boas práticas que são úteis para que a TAP possa aplicar e ajustar algumas das medidas previstas no plano de reestruturação, nomeadamente em matéria financeira.

O ministro Pedro Nuno Santos lembrou ainda que “este é um processo de reestruturação sério, assertivo, que vai permitir redimensionar a TAP e prepará-la para o futuro”.

“Temos de aproveitar este momento para conseguir ter a TAP saudável e eficiente, para poder voltar a ganhar mercado e poder crescer”, concretizou.