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Pensar adiante | vem aí o 4.0

Pensar adiante | vem aí o 4.0

O que significa este 4.0? Nas sucessivas revoluções industriais, se o 1.0 foi o tempo da máquina a vapor, o 2.0 da energia elétrica, o 3.0 dos computadores, o 4.0 é o tempo em que as “coisas” comunicam umas com as outras. Por isso se fala tanto de Internet das Coisas.
Pensar adiante | vem aí o 4.0

Este tipo de abordagem não é uma mera diversão de pessoas fascinadas pela tecnologia. Ela tem consequências. No dia-a-dia, no modo como vivemos, na forma como trabalhamos e produzimos. Depois dos computadores, dos robôs controlados e da comunicação vertical, estamos a entrar no tempo em que as máquinas e as coisas pensam, conversam umas com as outras, cooperam, tomam decisões, ganhando uma autonomia que desafia o próprio papel dos humanos. Neste processo a centralidade dilui-se, enquanto o comando e controlo praticamente desaparecem.

Uma fábrica 4.0 é uma fábrica inteligente. Não faz produtos estandardizados mas adapta-se aos pedidos personalizados pelo cliente. É por isso extremamente versátil. Não faz tudo num só sítio, dissemina a produção onde se faz melhor e mais economicamente. Virtualiza cada processo para conceber, testar e validar. Cria uma rede fluída de comunicação entre as várias partes da fábrica, operadores humanos, máquinas e coisas. Assenta numa forte automação dos processos através da incorporação de vários níveis de inteligência artificial.

Esta nova realidade, para já influente no meio industrial mais avançado, tem repercussões inevitáveis nas vivências quotidianas, nas cidades, na cultura e, muito naturalmente, na política. Por isso se começa a falar de uma arte 4.0, que muito me interessa por ofício, ou de uma política 4.0, que também me interessa bastante por cidadania. No essencial trata-se de pensar de outra forma, não querer tudo controlar e, pelo contrário, deixar fluir, combinar, promover a cooperação não só entre pessoas, mas agora também entre máquinas, códigos, redes, processos. É funcionar num sistema disseminado por muitos agentes, num ambiente fluído, líquido como lhe chamam alguns.

Na arte isto tem implicações profundas. Do artista génio, controlador único de todo o processo de realização da obra, passamos a funcionar de forma aberta, colaborativa, interativa, ao ponto de a dado momento não se saber de quem é a obra, nem isso importa.

Na política trata-se de abrir o campo a múltiplos contributos. Veja-se como já hoje os sem partido influenciam a decisão dos diretórios partidários e ainda mais dos governos. Como as ideologias rígidas se vão adaptando aos fluxos de opinião. Mas há que ir mais longe encontrando novas formas líquidas, inorgânicas, de participação. É esse o futuro próximo da política.

(Este artigo foi estimulado por uma conversa com Carlos Zorrinho)