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PENSAR ADIANTE | MOBILIDADE

PENSAR ADIANTE | MOBILIDADE

As cidades são um organismo vivo. Evoluem, adaptam-se, transformam-se com base no stress ambiental. Da urbe primitiva, em que cada um construiu a casa segundo a sua conveniência ou espaço disponível, nasceram ruas e praças, nivelaram-se passeios, alinharam-se edifícios. As favelas são um bom exemplo contemporâneo desse processo e de como alguma ordem vai emergindo do caos inicial.
PENSAR ADIANTE | MOBILIDADE

Sabemos como as nossas cidades modernas devem tudo à mobilidade, sobretudo a mecânica. Primeiro com as carroças, depois com os automóveis. Em certa medida o cidadão que se desloca a pé foi colocado num segundo plano. As áreas pedonais foram sendo reduzidas, os pontos de encontro desaparecendo. O cidadão passou a ser pensado como alguém que se desloca dentro de um veículo. E só recentemente esta tendência se vai invertendo, como é o caso do que está a ser feito pela Câmara de Lisboa, em que pela primeira vez são os passeios que invadem o espaço das rodovias.

Mas nem só de automóveis e peões se faz a deslocação humana. Recorde-se a questão das pessoas com mobilidade reduzida. São mais do que se pensa já que não cabe só referir quem está, temporária ou definitivamente, numa cadeira de rodas. Idosos, crianças, mães ou pais com um carrinho de bebé, alguém com uma bengala ou um pé partido. Também só recentemente se começa a agir seriamente sobre este problema, sendo que o atual governo desenvolve um conjunto de importantes programas sobre a acessibilidade universal. Ou seja, para todos.

Os estudos indicam que cerca de 25% das pessoas têm algum problema de acesso, quer físico, quer de outro tipo, como por exemplo cegueira, surdez, dificuldade em ler ou entender informação escrita. Com o prolongamento do tempo de vida e consequente envelhecimento da população esse número está a aumentar.  Pelo que as cidades vão ter de fazer um novo e significativo esforço de adaptação.

Não posso também deixar de referir a evolução tecnológica. Os carros sem condutor vão alterar radicalmente a forma como usamos o veículo automóvel. No futuro, cada vez mais próximo, não seremos mais proprietários do nosso carro, mas chamaremos um quando precisamos dele. Esta realidade terá, entre outras coisas, um enorme impacto positivo no ainda atual problema do estacionamento. Os carros deixarão de atravancar as nossas ruas, libertando espaço para outras atividades e modos de deslocação. O sucesso das bicicletas é um deles, mas estou certo que surgirão outros meios inovadores.

Também os robôs vão exigir uma cidade diferente. A generalidade das nossas urbes não é user friendly para os robôs. Terão de passar a sê-lo.

Esta nota sobre mobilidade demonstra como apesar de caminharmos para uma eventual depreciação do trabalho humano ainda teremos, pelo menos no curto e médio prazo, muita coisa para fazer. E interessante.