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Pensar adiante | Jornalismo

Pensar adiante | Jornalismo

O jornalismo generalista está em morto.
Pensar adiante | Jornalismo

Por muitos motivos, mas um é evidente. Veja-se o artigo primeiro do código deontológico desta profissão: “O jornalista deve relatar os factos com rigor e exatidão e interpretá-los com honestidade. Os factos devem ser comprovados, ouvindo as partes com interesses atendíveis no caso. A distinção entre notícia e opinião deve ficar bem clara aos olhos do público.” O que tem isto a ver com a generalidade do jornalismo atual? Nada. A falta de rigor, de honestidade, a ausência de comprovação dos factos e de contraditório imperam. A distinção entre opinião e notícia deixou de existir. O alinhamento de muitos jornalistas com agendas e campanhas privadas ou partidárias é uma realidade quotidiana. 

Por isso os jornalistas estão tão desacreditados e vão perdendo o respeito dos cidadãos.

O jornalismo está também morto enquanto atividade fundamental dos estados democráticos. Porque, aquilo que era um contrapoder se tornou num poder, num serviço, numa arma do combate ideológico, tanta vez claramente sectário. A informação é cada vez menos livre, não porque exista uma censura estatal, mas porque se vai deixando condicionar por interesses de todo o tipo.

Mas o jornalismo está ainda mais morto como veículo maior de informação e comunicação. Surgiram novas tecnologias, novas redes sociais, que são hoje a principal fonte de informação. A velha imprensa não entendeu o potencial destas novas tecnologias, tentou combate-las da pior forma e agora paga o erro com falências e encerramentos.

A informação do século 21 é extremamente veloz, constante, rizomática, habitando computadores, telemóveis, facebooks, tweets e tantas outras redes. Mas não é fiável. As falsas notícias são aliás uma nova praga. Cada vez mais sofisticadas, geradas por centrais de desinformação ou simplesmente por ociosos e perversos sem mais nada para fazer. É hoje possível plantar, com a maior das facilidades, meias verdades, falsidades e puras mentiras, para atingir determinados objetivos ideológicos, políticos e económicos ou gerar pânico. A sofisticação de determinados software permite, por exemplo, colocar uma pessoas a dizer precisamente o contrário do que pensa ou defende. Para já não falar da Inteligência Artificial que consegue inventar notícias de todo o tipo sem qualquer fundamento.

Neste contexto, imagino que no futuro terão de surgir Agências de Fiabilidade Informativa. Organismos públicos ou, de preferência não-governamentais, de base científica que validarão a informação. Algo similar, por exemplo, ao Instituto de Estatística, que tratará de verificar se uma notícia é verdadeira ou falsa, se é isenta ou tendenciosa. A credibilidade destes organismos dependerá do seu rigor e comprovada honestidade.