Os cortes atingiram os limites da dignidade humana
O secretário-geral do PS acusou hoje o Governo de “fracasso” no controlo das finanças, ao deixar aumentar a dívida, de “falhanço” na recuperação da economia e de ter feito cortes que atingiram os limites da dignidade humana.
António Costa falava na abertura de um jantar que assinalou o 40º aniversário da secção de Loures do PS, num discurso em que criticou o Governo por ter abdicado de uma abordagem pragmática na resolução dos problemas do país “por puro preconceito ideológico”.
O secretário-geral do PS exemplificou que o executivo PSD/CDS, em vez de fazer a reforma do Estado, “pretendeu antes desmantelar o Estado, perseguindo os funcionários públicos com cortes salariais” e “degradando serviços públicos” em setores como a educação, a saúde ou a justiça.
Em paralelo, “temos hoje a maior carga fiscal de sempre (IVA ou IRS) e a dívida é hoje bastante superior da que exista há quatro anos”, defendeu António Costa.
O Governo acreditava na tese económico-financeira de que ganhava competitividade económica se cortasse salários e diminuísse despesas sociais.
“Mas o resultado ao fim de quatro anos é que o país andou duas décadas para trás em matéria de pobreza, há cerca de um milhão de desempregados e desencorajados, a que se juntam ainda cerca de 350 mil emigraram. O resultado destes quatro anos foi fracasso das finanças públicas e falhanço da economia”, sustentou.
O secretário-geral do PS deixou uma conclusão: “Quando chegamos ao final desta legislatura e perguntamos se valeu a pena, a única resposta é não, e é por isso que este Governo tem de mudar”.
Para António Costa, perante “o fracasso da política deste Governo, depois do falhanço da sua estratégia, este executivo ainda diz com um ar resignado que a pobreza e o desemprego são na realidade problemas, mas que era preciso pôr as contas públicas em ordem”.
“Mas o ponto fundamental é que no centro das preocupações da nossa sociedade, o limite dos limites à austeridade, o limite dos limites a todos os cortes, tem de ser a dignidade da pessoa humana. E os cortes que atiram um terço das crianças para a pobreza já estão muito para além dos limites aceitáveis da dignidade humana”, acusou o secretário-geral do PS.
Antes de António Costa, o presidente da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) dos socialistas referiu que o concelho de Loures está ligado à sua adesão ao PS, mas também “à afirmação política de António Costa” na vida política nacional – uma alusão à candidatura autárquicas de 1993.
Marcos Perestrello deixou depois um desafio ao PSD e CDS no sentido de que “esclareçam se o programa que têm para o país, para os próximos quatro anos, é de aprofundamento da política que até agora prosseguiram”.
“Já agora, esclareçam se concorrem separados ou coligados”, questionou o líder da FAUL do PS.
Num dos primeiros discursos da noite, a dirigente socialista e presidente da Câmara de Odivelas, Susana Amador, fez um cerrado ataque à medidas de âmbito social tomadas pelo executivo liderado por Pedro Passos Coelho, considerando que “é indigno de continuar a governar Portugal”, porque “não tem qualquer visão estratégica”.
Susana Amador disse que nas próximas eleições legislativas os portugueses “têm de rejeitar o país de mão estendida”, acusando então o Governo de seguir uma lógica assistencialista no domínio social.
“Neste últimos quatro anos, foram retirados apoios sociais às famílias mais vulneráveis, como o rendimento social de inserção ou o complemento solidário para idosos”, referiu a presidente da Câmara de Odivelas.