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O “projeto satírico”

O “projeto satírico”

Globalmente trágico para Portugal e para os portugueses, este Governo que a direita nos deu, e que se aproxima do seu estertor, tem momentos de absoluta comicidade, é certo que involuntário, mas na mais pura linha daquele humor absurdo que teve nos britânicos Monthy Phyton os seus maiores ícones.
O “projeto satírico”

Tome-se, por exemplo, a atuação do secretário de Estado dos Assuntos Europeus, um tal Bruno Maçães, cuja ação política (chamemos-lhe assim…) tem sido feita mais nas redes sociais do que propriamente na vida real. Na vida real, como se sabe, aliás, em matéria de Assuntos Europeus, a linha deste Governo em vias de extinção, tem sido a de seguir sempre a santa madre Merkel. Este tal de Maçães já foi mesmo confundido com um cidadão alemão (sim, é mesmo verdade!), tal é a sua devoção extrema ao culto merkeliano (linha Schauble).

No seu longo rol de aparições, que se assemelham muito a uma espécie de involuntária “stand-up comedy” digital, Bruno Maçães já se envolveu em debates com meio-mundo, desde jornalistas do “Wall Street Journal” até, se for caso disso, ao Homem-Aranha. Sempre que alguém coloca em causa a ideia do “milagre português” (que é algo em que este Maçães acredita piamente, o que faz dele, simultaneamente, um caso de estudo internacional em matéria de ingenuidade política), lá sai o Bruno de peito aberto em defesa de Passos Coelho e do seu Governo, fazendo do seu twitter uma espécie de espada digital, ao melhor estilo de um apatetado D. Quixote luso-alemão.

Esta semana começou com mais um duelo entre Maçães e o mundo, representado por um comentador económico da BBC, que foi conselheiro de um presidente da Comissão Europeia chamado Durão Barroso… Este senhor Phillippe Legrain atreveu-se a contestar a linha “Portugal, o país das maravilhas” cantada por Maçães nas suas cruzadas digitais e lembrar um simples dado: a economia portuguesa decresceu 7,5% em relação a sete anos atrás! “É isto a que você chama ter deixado os riscos para trás?”, questiona Legrain. Os argumentos do secretário de Estado português são de tal forma ridículos, que o diálogo é interrompido por um jornalista económico austríaco que vem questionar se este Bruno Maçães não é um “projeto satírico”. “Este Bruno é um palhaço engraçado (“funny clown”)”, exclama Robert Misik. A resposta de Legrain é a de que chegou a pensar nisso (tratar-se de um “projeto satírico”), mas aparentemente é mesmo um membro do Governo…

Eis um “bom exemplo” de como este Governo da direita “enobrece” Portugal e se dá ao respeito. Numa só palavra, lamentável. É preciso acabar com isto. Portugal precisa de um Governo que o enobreça e que se dê ao respeito.

Duarte Moral