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O estrepitoso falhanço

O estrepitoso falhanço

Teve recentemente edição portuguesa (Matéria Prima Edições) um livro de Felipe González, o antigo líder do PSOE e primeiro-ministro espanhol, cuja leitura é altamente recomendável a todos. “À procura de respostas”, assim se chama a obra em causa, é uma das mais lúcidas análises dos tempos que correm e do caminho que nos trouxe até aqui, com a vantagem suplementar de apresentar uma série de pistas para o futuro. A edição portuguesa tem, além do mais, dois bónus nada de somenos: um prefácio do Secretário-geral do PS, António Costa, e um prólogo do próprio González.
O estrepitoso falhanço

E quando se diz que se trata de um livro altamente recomendável a todos quer mesmo dizer-se a todos. É ainda nesse prólogo especial à edição para o nosso país, que o histórico dirigente do PSOE põe o dedo na ferida: “Quando observo a situação de Portugal – como poderia fazê-lo com a Espanha e ainda mais dramaticamente com a Grécia -, pergunto-me, procurando respostas, se alguém acredita de boa-fé que a situação social, económica ou política melhorou nestes anos com as políticas austericidas dos resgates. Mas se não se quer ter em conta os fatores sociais, porque se perdeu a ideia fundacional da construção europeia (a chamada economia social de mercado), caberia perguntar aos que defendem este modelo se podem apresentar bons resultados quanto à dívida pública ou a outros fatores macroeconómicos. E, se a resposta for negativa nestes dois âmbitos, o que se deve exigir é que acabem as justificações e se reaja, alterando claramente o rumo.”

Basta um parágrafo e está tudo dito a esse respeito. A direita falhou e falhou clamorosamente.

Depois de quatro anos de tremendos sacrifícios para a grande maioria dos portugueses, a dívida pública subiu até acima 130% (!). Eis, por mais maquilhagem que lhe tentem colocar em cima, o símbolo maior do fracasso, seguindo o próprio critério sacrossanto que a direita enunciou à exaustão em 2011.

Duarte Moral