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Não há festas como estas!

Não há festas como estas!

Os 500 anos da Torre de Belém servem de mote às festas de Lisboa de 2015. Muito justificadamente: 500 anos depois, Portugal está a redescobrir o mar e Lisboa quer posicionar-se de novo como capital atlântica, mobilizando para isso a investigação científica, a economia do mar e o turismo náutico.
Não há festas como estas!

Como é habitual, ao longo até ao fim deste mês os arraiais vão ocupar os bairros, entre sardinhadas e manjericos. Não faltará também animação de rua, com o projeto Andar em festa a intervir de forma surpreendente em muitas ruas de Lisboa. O tradicional fado cruza-se com as novas tendências e com a música do mundo, numa nova edição do festival Lisboa Mistura. É um sem número de eventos, que podem (e devem) ser consultados em www.festasdelisboa.com.

Mas o Santo António é sempre o momento alto destas festas. O santo padroeiro inspira os casamentos daqueles que querem fazer a sua vida em Lisboa e no dia 13 de junho tem direito a merecida procissão. Na véspera, a noite é de festa por toda a cidade.

As Marchas Populares são talvez o momento mais conhecido das festas de Lisboa: na avenida ou na televisão, não há quem nunca tenha visto as marchas. Nasceram como um evento de propaganda de um regime de má memória, mas a verdade é que foram sendo apropriadas pelos bairros e pelo povo de Lisboa – e de facto hoje, na Lisboa democrática de 2015, as marchas são verdadeiramente marchas populares.

Pare se perceber isso, vale a pena testemunhar todo o trabalho voluntário, o espírito de solidariedade e entreajuda, que está por detrás daquela descida da avenida. Durante semanas, meses, juntam-se amigos e vizinhos, diferentes gerações, para planearem e preparem as músicas e as coreografias, os trajes e os arcos. Noite dentro, depois de um dia de estudo ou trabalho, as coletividades e os marchantes ganham uma motivação acrescida, na ambição de testarem os seus limites e de superarem os outros bairros. É um espetáculo de vitalidade cidadã, de autonomia e força das comunidades locais, que são no fundo os alicerces das cidades e das democracias pujantes.

Ajuda, Alcântara, Bela Flor, São Domingos de Benfica ou Benfica; Baixa, Mouraria, Graça, Alfama ou São Vicente; Madragoa, Bica, Bairro Alto, Lumiar ou Carnide; Beato, Marvila, Olivais, Santa Engrácia ou Alto do Pina – é, no fundo, Lisboa que tem encontro marcado consigo, connosco, hoje à noite, na Avenida da Liberdade.