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Mário Soares: “A Europa connosco”

Mário Soares: “A Europa connosco”

A sede nacional do PS foi ontem palco da terceira sessão do ciclo de conferências dedicado ao legado de Mário Soares, abordando o seu papel no caminho de integração europeia de Portugal, com a participação dos oradores convidados António Vitorino e Augusto Santos Silva.
Mário Soares: “A Europa connosco”

Depois do secretário nacional do PS para as Relações Internacionais, Francisco André, ter feito uma breve introdução ao tema, recordando alguns dos momentos mais significativos no percurso do antigo fundador e histórico líder socialista, o primeiro convidado a intervir, António Vitorino, sublinhou a importância do legado de Soares para o debate que hoje se trava em torno do futuro do projeto europeu.

Começando por lembrar a visão e capacidade de liderança do primeiro Secretário-geral do PS como “o rosto e a personalidade” que foi capaz de inserir Portugal na comunidade internacional, ao lado de uma geração de grandes líderes europeus, o antigo comissário defendeu “que a dívida que temos” para com Soares “é enorme na dimensão europeia” e na nossa afirmação como país democrático e aberto. “Essa visão, devemo-la a Mário Soares”, disse, recordando o ‘slogan’, ainda hoje representativo, “A Europa connosco”.

António Vitorino recordou também Soares, já enquanto Presidente da República e deputado europeu, como tendo sido sempre “um europeísta convicto”, que aprofundou o seu pensamento sobre o futuro da Europa em torno “da substância das políticas, da coesão e da solidariedade”, criticando e mostrando-se preocupado com o caminho que o projeto europeu estava a trilhar.

“Esse espírito crítico permite-nos hoje encarar o debate europeu com outra visão. Essa é ainda parte do legado de Mário Soares”, sustentou.

Na segunda intervenção da conferência, Augusto Santos Silva começou por destacar o que disse serem “os quatro momentos em que o europeísmo de Soares mais se exprimiu”, nomeando o seu combate pelo modelo de democracia pluralista europeia que queria para Portugal, a afirmação de uma vocação europeia do país no período pós colonial, a convicção pela ideia de uma união política, mais do que económica, e defesa da Europa contra si própria, crítica da cegueira da resposta austeritária à crise e da tentação divisionária e de exclusão.

Segundo Santos Silva, o pensamento e o legado europeísta de Soares tem correspondência com um conjunto de desafios e de questões, que podem ser hoje muito úteis a Portugal no quadro do debate em torno do futuro do projeto europeu.

“A questão política essencial é saber se queremos ou não ‘reproduzir’ a divisão que nos ia perdendo entre norte e sul, agora entre oeste e leste, ou se queremos tentar encontrar um caminho em que, na sua diversidade, todos os países se revejam”, defendeu o chefe da diplomacia portuguesa.

O ensinamento, patente no “voluntarismo” que colocava na sua ação política, “de que tudo depende da nossa vontade e que a nossa vontade é determinante, é a melhor lição que Mário Soares nos deixa”, disse ainda.