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Evolução digital deve ser “força do bem” ao serviço da comunidade

Evolução digital deve ser “força do bem” ao serviço da comunidade

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, defendeu ontem, no arranque da Web Summit, em Lisboa, o envolvimento de todos os atores da comunidade internacional na promoção das potencialidades da evolução tecnológica como uma “força do bem”, colocando a vanguarda do conhecimento ao serviço de todos.
Evolução digital deve ser “força do bem” ao serviço da comunidade

Numa intervenção intitulada “Fomentar um futuro digital que seja seguro e benéfico para todos”, o antigo primeiro-ministro português alertou para os aspetos mais sombrios das novas tecnologias no mundo atual, nomeadamente a utilização da inteligência artificial para fins militares e bélicos.

“Máquinas que têm o poder de tirar vidas humanas são politicamente inaceitáveis, moralmente condenáveis e devem ser banidas pela Lei Internacional”, sustentou, apontando que o empenho da comunidade internacional para um uso benigno da evolução tecnológica deverá passar pela criação de plataformas, que juntem representantes governamentais, académicos, cientistas ou membros da comunidade digital.

Este é um tema ao qual António Guterres tem dedicado especial atenção, ao encontro da sua participação na edição do ano passado, onde teve oportunidade para defender a necessidade de uma conjugação de esforços dos vários setores da sociedade para responder ao impacto da chamada Quarta Revolução Industrial, marcada pela generalização da tecnologia na vida diária.

Já este ano, o secretário-geral das Nações Unidas anunciou, em julho, a criação de um Painel de Alto Nível sobre Cooperação Digital, que reúne mais de 20 personalidades nas áreas da tecnologia e das ciências, mas também ao nível da política e do conhecimento académico.

A presença de António Guterres na Web Summit acontece, ainda, a poucos dias da realização em Paris, de 12 a 14 de novembro, do Fórum da Governação da Internet das Nações Unidas, cuja edição deste ano tem como tema central “A Internet de Confiança”.

António Guterres distinguido com prémio da CPLP

Antes da participação na abertura da Web Summit, António Guterres foi distinguido, em Lisboa, com o prémio bienal José Aparecido de Oliveira, atribuído pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em reconhecimento pelo “exemplo” do seu trabalho à frente das Nações Unidas e dos valores que têm marcado a sua vida de serviço público.

Na cerimónia, que teve lugar na sede da organização em Lisboa, Guterres enalteceu o papel da CPLP como “um dos mais fortes pilares do apoio” às Nações Unidas, reunindo “condições excecionais” para “fazer pontes” e ser mensageira de uma ordem internacional baseada no Direito e assente num quadro de relações de cooperação e amizade.

O antigo primeiro-ministro português adiantou que o prémio pecuniário, no valor de 30 mil euros, vai ser entregue ao Conselho Português para os Refugiados pelo seu papel “na generosa política” que Portugal adotou abrindo as suas portas à proteção de refugiados.

Este prémio, criado em 2011 e com atribuição bienal, homenageia a ação do embaixador José Aparecido de Oliveira, que marcou, de forma indelével, o surgimento da CPLP, tendo sido já atribuído ao antigo Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, em 2012, ao antigo Presidente e primeiro-ministro timorense Xanana Gusmão e à Igreja Católica Timorense, em 2014, e na edição de 2016, ao antigo chefe de Estado português Jorge Sampaio, ao ex-secretário executivo da Comissão Económica das Nações Unidas para África, Carlos Lopes, e ao embaixador Lauro Barbosa da Silva Moreira, diplomata de carreira do Brasil e primeiro representante permanente junto da CPLP.