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Carlos César critica ímpetos menos razoáveis nas propostas de alteração do OE2019

Carlos César critica ímpetos menos razoáveis nas propostas de alteração do OE2019

O líder parlamentar do PS, Carlos César, alertou hoje para os "ímpetos menos razoáveis" dos partidos nas propostas de alteração ao Orçamento, criticando o "leilão" particularmente perdulário da direita, que considera andar de "cabeça perdida", enquanto outros revelam "ansiedade pré-eleitoral" e "impreparação" para funções governativas.
Carlos César critica ímpetos menos razoáveis nas propostas de alteração do OE2019

Na intervenção de encerramento das Jornadas Parlamentares do PS, que decorreram desde sexta-feira em Portimão, o presidente do Grupo Parlamentar do PS destacou a obrigação de os socialistas recusarem os “ímpetos menos razoáveis da parte daqueles que tudo querem, sem quererem entender que tudo não pode ser conseguido ao mesmo tempo, correndo-se o risco de comprometer a maior parte do que foi já alcançado”.

“A discussão agora em curso do Orçamento para 2019, com os milhares de milhões de propostas de alteração – num leilão em que a direita é euforicamente perdulária e num exercício quase patológico -, mostra bem como todo o cuidado é pouco. Não só porque a direita perdeu a cabeça e anda para aí às pequenas e médias cabeçadas, mas também outros, porque já acham que as propostas da direita são como as propostas da esquerda”, disse Carlos César sobre a atuação do PSD, CDS-PP, Bloco de Esquerda e PCP no debate orçamental.

Sublinhando que compete ao PS “manter o diálogo particularmente à esquerda”, mas, “sobretudo, manter o rumo”, Carlos César considera que o Bloco de Esquerda e o PCP “parecem tomados por uma ansiedade pré-eleitoral de difícil compatibilização com o sentido de responsabilidade que os portugueses estimam que a esquerda deve preservar”.

“Os portugueses percebem o que se passa: Uns de tanto tergiversarem e de se oporem a si próprios, pouco servem o país como oposição ao Governo; outros, de tanto negligenciarem o cumprimento das normas a que o país está obrigado, revelam-se pouco preparados para entender a governação num período tão sensível da vida nacional e europeia”, afirmou.

No seu discurso, Carlos César deixou também duas saudações especiais. A primeira, dirigida ao líder do partido e primeiro-ministro, António Costa, por ter transmitido na abertura das Jornadas Parlamentares, no sábado, uma mensagem de clara solidariedade em relação à bancada socialista, “às suas iniciativas e propostas”, considerando que os deputados do PS “são intérpretes dos seus eleitores e não porta-vozes do Governo que apoiam”.

A segunda mensagem “especial” foi dirigida ao secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos, destacando o seu papel político na “estabilização da atual solução governativa”.

Brexit é cartão amarelo à Europa

Referindo-se também, no seu discurso, ao acordo alcançado hoje entre os Estados-membros para a saída do Reino Unido da União Europeia, Carlos César considerou que o “Brexit” representa “um cartão amarelo” à Europa, defendendo urgência na adoção de reformas contra o crescimento de populismos autoritários na Europa.

“Considerando embora o distanciamento tradicional e histórico do Reino Unido em relação ao projeto europeu, saliento, no entanto, que a situação que vivemos é um sinal amarelo para a União Europeia e não é motivo de satisfação”, afirmou.

Para o líder parlamentar do PS, o processo da saída do Reino Unido da União Europeia foi “complexo” e gerador de “perplexidades”, constituindo um “motivo de interrogação sobre este projeto”.

“Não se pode ignorar que hoje o populismo autoritário e eurocético é atualmente a terceira força mais poderosa no contexto eleitoral europeu”, alertou Carlos César, considerando que “na reflexão que se impõe fazer, temos de nos interrogar sobre situações tão diversas como a legitimidade das decisões e modelos de decisão da União Europeia”.

Carlos César defendeu ainda a necessidade de uma reflexão “sobre o espaço cada vez mais exíguo que, por força da globalização, é dado às identidades regionais ou nacionais”.

“Temos de nos interrogar sobre em quanto contribui a crise do Estado social europeu para a fragilização deste projeto europeu. Temos de ter em consideração as desigualdades entre pessoas e territórios”, afirmou.