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Bruxelas prevê crescimento acima da estimativa do Governo

Bruxelas prevê crescimento acima da estimativa do Governo

A Comissão Europeia reviu hoje em alta a previsão de crescimento económico de Portugal, para 2% este ano, uma melhoria de três décimas relativamente à sua estimativa anterior e uma décima acima do valor esperado pelo Governo português.
Bruxelas prevê crescimento acima da estimativa do Governo

Nas previsões económicas de outono, hoje divulgadas em Bruxelas, o executivo comunitário estima que o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal cresça 2% em 2019, acima da anterior estimativa de 1,7% divulgada em julho.

“O crescimento económico superou as expectativas no primeiro semestre de 2019, apesar do fraco ambiente externo”, escreve a Comissão Europeia no documento, recordando que o PIB cresceu 0,6% nos dois primeiros trimestres do ano, “determinando uma perspetiva mais favorável para o ano inteiro”.

“É muito interessante, interessante no sentido de boa notícia, que a economia portuguesa veja as suas previsões de crescimento em 2019 revistas em alta, quando a área do euro é revista uma décima em baixa e a generalidade dos países acompanha esta revisão em baixa”, comentou o ministro das Finanças, Mário Centeno, considerando que se trata de “uma boa confirmação” do “bom momento da economia portuguesa”, ao mostrar ”muita resiliência” num contexto global difícil.

“O investimento em Portugal continuará a crescer acima da área do euro nos próximos anos e a Comissão prevê agora também que, pelo menos até 2021, que é o horizonte de previsão, Portugal continuará a convergir com a média da área do euro, ao longo de todo este período. São boas notícias, que têm que ser obviamente continuadas com aquilo que é o trabalho não só do Governo, mas de todos os agentes económicos”, observou ainda o também presidente do Eurogrupo.

Recorde-se que no Projeto de Plano Orçamental enviado para Bruxelas, em 15 de outubro, o Governo português estimava que a economia portuguesa crescesse 1,9% em 2019, voltando a acelerar para um crescimento de 2% no próximo ano, uma projeção agora superada, para um valor mais otimista, pela Comissão Europeia.

Comissão reconhece que tem sido excessivamente “pessimista” sobre Portugal

O comissário europeu dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, admitiu que as previsões económicas da Comissão para Portugal têm pecado por ser “um pouco pessimistas”, o que vem agora reconhecer, emendando a mão.

“Geralmente, as nossas previsões são bastante boas, mas devo dizer que reparei, nos anos mais recentes, que por vezes fomos um pouco pessimistas no que diz respeito a Espanha e Portugal”, declarou, durante a conferência de imprensa de apresentação das previsões de outono.

O responsável pelos Assuntos Económicos no executivo comunitário argumentou que, ainda assim, prefere que as previsões de Bruxelas sejam mais conservadoras do que as dos governos dos Estados-membros.

Comentando que a economia portuguesa, tal como as restantes, está “aberta ao mundo e não é independente do que acontece globalmente”, Moscovici sublinhou que “tal significa também que, em caso de melhores circunstâncias, a taxa de crescimento (de Portugal) pode ser melhor, ainda melhor” do que aquela prevista agora.

Nas previsões de outono divulgadas hoje, a Comissão indica que a procura interna deve continuar a dar um forte contributo ao crescimento económico português este ano, “devido a uma recuperação substancial do investimento no primeiro trimestre”.

Melhoria do défice e do desemprego em linha com Governo

De acordo com o documento, a Comissão Europeia melhora também a previsão para o défice deste ano, para 0,1% do PIB, dos anteriores 0,4%, e também para 2020, antecipando agora um “défice zero”, alinhando com as previsões do Governo. Para 2021, antecipa uma melhoria do saldo orçamental para um excedente de 0,6% do PIB.

Para o rácio da dívida pública, a Comissão Europeia antecipa hoje uma redução para 119,5% este ano e 117,1% em 2020, uma descida ligeiramente menor do que a prevista pelo Governo.

Já para a taxa de desemprego, Bruxelas antecipa uma descida dos 7% registados em 2018 para 6,3% este ano e 5,9% em 2020, as mesmas estimativas que o Governo inscreveu no Projeto de Plano Orçamental.