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António Guterres pede Novo Contrato Social e Acordo Global para combater desigualdades

António Guterres pede Novo Contrato Social e Acordo Global para combater desigualdades

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o português António Guterres, pediu no passado sábado, por ocasião da comemoração do nascimento de Nelson Mandela, que o mundo crie um “Novo Contrato Social para uma nova era” e um Novo Acordo Global para combater as desigualdades.
António Guterres pede Novo Contrato Social e Acordo Global para combater desigualdades

Discursando em direto, por videoconferência, na efeméride organizada pela Fundação Nelson Mandela, instituição da África do Sul, António Guterres disse que chegou a altura de preparar um futuro centrado em solidariedade, convidando todos a pensarem num “Novo Contrato Social” para políticas de trabalho, emprego, educação ou segurança social, apontando que as desigualdades não se resumem ao poder económico, mas que se observam também a nível social e nas relações de poder.

Para o sustentar, acrescentou, deverá ser criado também um Novo Acordo Global, baseado numa “globalização justa”, “vida em balanço com a natureza” e atenção aos “direitos das gerações futuras”.

Segundo o líder das Nações Unidas, estes novos compromissos devem basear-se em dar oportunidades iguais para todos e garantir que poder e riqueza são partilhados de maneira justa, respeitando também os direitos humanos.

“Os sistemas económico e político globais não estão a dar resultado em bens públicos críticos: saúde pública, ação climática, desenvolvimento sustentável, paz”, criticou António Guterres, sublinhando que, neste tempo de pandemia de Covid-19, foram expostas “falácias e falsidades”, como “a mentira de que mercados livres podem distribuir cuidados de saúde para todos”, “a ilusão de que vivemos num mundo pós-racista” ou ainda “o mito de que estamos todos no mesmo barco”.

De acordo com António Guterres, “a Covid-19 é como um raio-x, que revela fraturas” na sociedade e que tem exposto fragilidades como “sistemas de saúde inadequados, lacunas na proteção social, desigualdades estruturais, degradação ambiental e crise climática”, advertindo para o risco de haver “fome de proporções históricas” e de mais cem milhões de pessoas poderem ser “empurradas para a pobreza extrema”.

As propostas para o Novo Contrato Social e Acordo Global, de acordo com antigo primeiro-ministro português, devem ser discutidas entre governos, população, sociedade civil, empresas e comunidades.

“Esta é a única maneira de atingir os objetivos da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, do Acordo de Paris e da Agenda de Ação de Adis Abeba”, declarou.

O secretário-geral das Nações Unidas incentivou, neste sentido, as organizações internacionais e multilaterais a promoverem uma forma diferente de distribuição do poder, com uma representatividade igual de todos os países, lembrando que os movimentos sociais fizeram “milhões de pessoas de todos os continentes saírem para as ruas para fazer ouvir as suas vozes”, depois de se sentirem “deixadas para trás”, de que foram exemplos o movimento de mulheres que denunciaram abusos sexuais perpetrados por “homens poderosos” e o movimento antirracismo “que se espalhou dos Estados Unidos ao redor do mundo”.