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António Costa garante prontidão para adotar medidas necessárias e quer resposta europeia para evitar “epidemia económica” na UE

António Costa garante prontidão para adotar medidas necessárias e quer resposta europeia para evitar “epidemia económica” na UE

O primeiro-ministro, António Costa, defendeu hoje a adoção de medidas pela União Europeia (UE) para travar “qualquer risco de recessão” e evitar que se junte “uma epidemia económica” à “epidemia da doença”, que resulta do surto de Covid-19.
António Costa garante prontidão para adotar medidas necessárias e quer resposta europeia para evitar “epidemia económica” na UE

O líder do Governo reuniu-se esta manhã com oito ministros das áreas relacionadas com a resposta ao surto de coronavírus, Mário Centeno (Finanças), Pedro Siza Vieira (Economia), Eduardo Cabrita (Administração Interna), Marta Temido (Saúde), Tiago Brandão Rodrigues (Educação), Pedro Nuno Santos (Infraestruturas e Habitação) e Nelson de Souza (Planeamento), encontro que contou também com a participação, por telefone, do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, encontro que serviu igualmente para preparar a videoconferência de chefes de Estado e de Governo europeus, a ter lugar na tarde desta terça-feira.

António Costa apontou para a necessidade de uma resposta coordenada da União Europeia, a começar pelas questões de prevenção e logísticas, defendendo, no plano económico, que o Conselho Europeu deveria concentrar-se em medidas “a adotar para evitar os danos económicos” e, dessa forma, evitar o risco de se acrescentar “à epidemia da doença uma epidemia económica”. 

“É essencial não agirmos tarde como em 2008 e agirmos com clareza para não termos hesitações como aconteceu na crise financeira de 2010-2011”, advertiu.

“O Eurogrupo já tomou algumas medidas e é necessário estabilizá-las”, disse o líder do Governo português, referindo nomeadamente “as que foram adotadas pelo Banco Central Europeu” e “as de utilização da margem de flexibilidade do pacto de estabilidade”, sendo também necessário, como acrescentou, adotar “medidas que permitam agilizar o processo de contratação pública, para que o investimento público possa dar um contributo decisivo à estabilização da situação económica no espaço europeu e prevenir qualquer risco de recessão”.

Segundo defendeu António Costa, os países da União Europeia devem tentar atravessar esta “fase de transição” da epidemia “com o menor dano possível para a economia, o emprego e rendimentos das famílias”.

Os 27 Chefes de Estado ou de Governo da União Europeia reuniam-se esta tarde por videoconferência, com a participação do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e da presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, para coordenar a abordagem ao coronavírus e avaliar os seus diversos impactos.

“Cada um de nós é o primeiro agente para travar o processo de contaminação”

Na declaração proferida no final da reunião do Executivo, António Costa advertiu que “estamos perante um vírus novo no mundo”, o que cria “fatores de incerteza” perante a previsão do que poderá vir a ser a sua evolução, voltando a insistir na importância de adotar comportamentos de vigilância e prevenção, seguindo as orientações das autoridades de saúde.

“Se compararmos os números de casos de infeção confirmados em Portugal com os de outros países europeus, designadamente nossos vizinhos, verificamos que o número é ainda muitíssimo inferior”, apontou, acrescentando que este facto pode dever-se a “razões climáticas ou de menores contactos com os pontos de transmissão primária”, ou pela razão de se estar “simplesmente numa fase inicial do processo” de epidemia.

Se for este o caso, acentuou, “devemos prever o aumento dos casos de infeção ao longo dos próximos dias e das próximas semanas”, preparando-nos “para o pior cenário, desejando que aconteça o melhor cenário”, pelo que “temos de continuar a ter uma grande vigilância, desde logo nos nossos próprios comportamentos”. 

“Cada um de nós é o primeiro agente para travar o processo de contaminação”, sublinhou, referindo-se às recomendações da Direção-Geral de Saúde.

António Costa disse ainda, relativamente a uma decisão sobre o encerramento de escolas, que o Executivo adotará “as medidas que os técnicos considerem justificado adotar”, adiantando que esta é uma matéria que o Governo vai colocar “expressamente” para análise do Conselho Nacional de Saúde Pública, que se reúne amanhã.

Seja qual for a posição que este órgão tomar, de generalizar o encerramento das escolas ou de manter a opção de apenas encerrar aquelas onde há focos de infeção e riscos de contaminação, o Governo tomará “imediatamente” essa medida, acrescentou.

O primeiro-ministro garantiu também que a capacidade de resposta da linha Saúde 24 será aumentada, em função da necessidade de dar resposta ao aumento das solicitações. “Vamos escalando e robustecendo o sistema em função de um natural aumento da procura dessas informações”, afirmou. 

A epidemia de Covid-19 já provocou mais de 114 mil casos de infeção em mais de uma centena de países, causando mais de 4.000 mortos. Portugal regista 41 casos confirmados, segundo os dados mais recentes da Direção-Geral da Saúde (DGS).