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A mentira e o medo são os maiores inimigos da democracia

A mentira e o medo são os maiores inimigos da democracia

O deputado do Partido Socialista Alexandre Quintanilha considerou hoje, no Parlamento, a mentira como “o maior inimigo da democracia e do conhecimento” e apontou que “não deveria surpreender ninguém que certas decisões” relacionadas com a pandemia de Covid-19 “tenham de ser revistas regularmente”, já que o conhecimento “é sempre um trabalho inacabado”.

“É em momentos de crise que percebemos que o maior inimigo da democracia e do conhecimento não é a incerteza, é a mentira, porque a mentira é sempre assertiva e categórica, nunca tem dúvidas, porque se baseia na ignorância, é fácil, é simplista e explora a fragilidade do outro”, afiançou o socialista na abertura do debate parlamentar sobre a renovação do estado de emergência em Portugal até 16 de março.

Para o cientista e professor universitário, a mentira “esconde poderosos interesses económicos, políticos e ideológicos e, por isso mesmo, é amplamente financiada, mesmo a nível internacional”.

Alexandre Quintanilha explicou que “as certezas são mais fáceis de ser transmitidas nas redes sociais e nos média, porque ocupam menos espaço e exigem menos explicação”. E alertou que os “jornalistas que questionam os negacionistas são ameaçados, inclusive de morte, e até em Portugal, porque repetir muitas vezes a mesma mentira funciona e porque a insegurança e o medo são fáceis de vender”.

Frisando que “a mentira promove a autocracia”, Alexandre Quintanilha deu exemplos de “teorias de conspiração” que espalham esse medo, tais como “que as vacinas são perigosas”, que “as alterações climáticas são inventadas”, que os “transgénicos e agora os produtos da agricultura celular são alimentos Frankenstein”, ou até mesmo “que as eleições foram roubadas”.

Promoção do conhecimento é eficaz para combater o medo e a mentira

No início da sua intervenção, o deputado do Partido Socialista defendeu que “é em momentos difíceis que procuramos alicerces que nos ajudem a confiar num futuro melhor” e enumerou “a pandemia de Covid-19, as alterações climáticas, a fragilização do emprego e o retrocesso de múltiplos avanços na coesão territorial, na igualdade de direitos e oportunidades e na nossa qualidade de vida em geral” como os atuais desafios.

“Tudo desafios que, claramente, têm vindo a fragilizar as nossas democracias e requerem uma atenção redobrada dos que as defendem. A esse alicerce damos o nome de ‘conhecimento’, porque todos queremos confiar que as decisões – as nossas e as dos outros – se baseiem no conhecimento mais robusto existente e não em meras opiniões que, como sabemos, proliferam”, referiu.

Alexandre Quintanilha chamou a atenção para um facto que as pessoas frequentemente esquecem: “O conhecimento leva tempo”. “O mesmo se pode dizer da confiança e da própria democracia, levam tempo a construir”, acrescentou.

Por isso, “será sempre um trabalho inacabado, que exige uma aposta continuada”. “Quando os desafios são complexos e requerem respostas de vários domínios em simultâneo”, como é o caso da pandemia, “o trabalho torna-se gigantesco”, esclareceu.

De acordo com o deputado do PS, tal “exige diálogo e compromissos que não são fáceis de conseguir e que também levam tempo nas democracias que queremos consolidar”.

“O ‘Me First’, ou ‘Eu Primeiro’, de má memória recente – do outro lado do Atlântico – e tão visível e recorrente à nossa volta, não só não ajuda como enfraquece e destrói esse trabalho essencial de construção de consensos”, exemplificou.

Alexandre Quintanilha sustentou que “o conhecimento tem como origem a dúvida e como objetivo o esclarecimento. Das respostas que se acumulam surgem invariavelmente mais perguntas e dúvidas” e, por isso, a “Covid-19 é um excelente exemplo desse processo”.

O deputado do Partido Socialista concluiu com uma certeza: “Promover o conhecimento e a literacia em todos os domínios do saber será sempre a forma mais eficaz de lutar contra a insegurança, o medo e a mentira”.