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A direita do vale tudo

“Porque percebo do que, do lado da coligação, se é capaz de fazer quando se lhe toca nos interesses vitais, e estas eleições tocam em demasiadas coisas vitais para não serem travadas com todas as armas, e algumas são bem feias de se ver (…) eles não brincam em serviço e vale tudo.”

José Pacheco Pereira, Sábado, 11-8-2015

Na mesma quinta-feira em que o militante do PSD, Pacheco Pereira, deixava estas linhas de alerta na sua coluna da revista Sábado, o Conselho de Ministros aprovava uma proposta que visa a criminalização dos maus tratos aos cidadãos da terceira idade. Uma bela intenção, sem dúvida. Acontece que o Governo da direita teve quatro anos e meio para fazer aprovar esta medida. Não o fez. E ela agora não serve para absolutamente nada. Nada? Não, serve apenas e só para um absolutamente descarado “número” de campanha eleitoral. Esta medida exige um alteração do Código Penal e precisa de ser aprovada pela Assembleia da República, que, como se sabe, só voltará a reabrir com poderes legislativos depois das eleições marcadas para dia 4 de Outubro. Sim, é totalmente verdade, José Pacheco Pereira sabe do que fala: para a coligação PAF vale tudo. Até “brincar” com um importante setor da população portuguesa que foi completamente desprezado pela governação do PSD e do CDS.

Sim, é mesmo verdade e não há como dizê-lo, senão desta forma: para esta direita “vale tudo”.

A direita a que temos direito é capaz de tudo e faz do despudor a sua prática quotidiana. Com um discurso “pó de arroz”, tentando maquilhar uma prática de quatro anos e meio. Mas quem faz hoje as promessas mais extraordinárias são os mesmos que em 2011 prometeram que não iriam aumentar os impostos sobre os rendimentos (até porque a carga fiscal era já “intolerável”, lembram-se?), que não iria fazer desaparecer a taxa intermédia do IVA, que não iriam cortar nos salários ou nos subsídios de férias e de Natal (porque o que era preciso era cortar nas “gorduras” do Estado e não nos rendimentos das pessoas, lembram-se?). São os mesmos que aumentaram brutalmente a carga fiscal, fizeram desaparecer a taxa intermédia do IVA (por exemplo, na restauração), cortaram os subsídios de férias e de Natal.

O voto no próximo dia 4 de Outubro é também isso: um voto com memória ou um voto sem memória.

A memória do que foi prometido aos portugueses em 2011, a memória do que foi a governação do PSD e do CDS nestes últimos quatro anos e meio. O voto na mudança de política ou o voto na continuidade. Quem tem memória e quem quer a mudança da política só tem um caminho: votar em António Costa e no PS. O que significará também dizer que não, que não vale tudo em política.

PS – E, para que não haja dúvidas, sejamos totalmente objetivos: outro voto que não seja no PS e em António Costa não terá outro resultado senão o de servir a direita e a continuidade das suas políticas e do Governo Passos/Portas. Essa é que é essa.

DUARTE MORAL