Entrevista a Tiago Barbosa Ribeiro
Na tomada de posse afirmou estar “concentrado em trabalhar pelo Porto, pelo país e pela afirmação do PS”. Que linhas programáticas foram propostas aos militantes do PS/Porto?
Apresentei-me a estas eleições tendo por base três grandes pilares: garantir a sustentabilidade do projecto autárquico; transformar o PS/Porto no principal agregador das aspirações dos portuenses; e contribuir para uma nova maioria liderada pelo PS no país. A acção do PS/Porto vai estruturar-se em torno destes pilares.
Como vai ser sustentado o projeto autárquico do PS para o Porto?
O PS/Porto vai cumprir escrupulosamente o acordo de coligação celebrado na Câmara Municipal do Porto, onde tem sido um parceiro estável e leal, apoiando a transformação da nossa cidade após 12 anos de marasmo. Após as últimas autárquicas, auscultando os nossos militantes, foi celebrado um acordo de coligação que dá um sinal muito claro: o PS põe a cidade acima de quaisquer cálculos, tendo bem presentes as suas prioridades e percebendo bem a emergência de novas formas de participação política. Com este acordo, levámos novamente o ideário socialista para a ação autárquica, permitindo-nos executar vários compromissos em prol dos portuenses, sobretudo os mais desfavorecidos. Com isto cumprimos o acordo de governação com Rui Moreira, garantimos a estabilidade de uma maioria de mudança na cidade e concretizamos o nosso programa eleitoral.
Devolvendo ao PS o papel agregador das aspirações dos portuenses, como referiu.
O PS é o verdadeiro partido do Porto. Mas não nos basta viver das páginas que escrevemos. Queremos olhar para o futuro e continuar a abrir novos capítulos da notável história da relação do PS com a sua cidade do Porto. Para isso vamos abrir o PS/Porto aos sectores mais dinâmicos da nossa sociedade e demos esse sinal desde logo na construção da nossa moção política, coordenada pelo Augusto Santos Silva. Apresentámos um Contrato com a Cidade, com uma perspetiva estável e articulada de políticas que correspondem à nossa ambição de futuro. Reforçando a abertura à cidade, o PS/Porto vai também criar um Fórum da Cidade com destacadas personalidades, que darão o seu contributo para a nossa ação política. Teremos connosco os melhores e os mais qualificados em todas as áreas de actividade, ouvindo, dialogando e propondo, dando também um importante sinal para a renovação da vida política. Por último, estaremos na linha da frente do combate ao centralismo e da defesa da regionalização com a verdadeira reforma do Estado. Temos o Governo mais centralista da nossa história que captura bens e riqueza do Norte. E se as políticas do Governo estão a destruir o país, não existe um único indicador de desenvolvimento social e económico que não esteja ainda pior no nosso distrito devido ao peso do centralismo.
Pode fazer-se já um balanço da atividade e do trabalho dos autarcas socialistas no Porto?
As mudanças são muitas e em todas as áreas, incluindo aquelas que não são tuteladas directamente pelos nossos vereadores Manuel Pizarro e Manuel Correia Fernandes, mas que acompanham uma visão de cidade com a qual estamos alinhados e que apresentámos à cidade nas últimas eleições, incluindo a prioridade a Campanhã e à zona oriental, uma relação descomplexada com os agentes da cidade, o abanão cultural para uma cidade cosmopolita, a boa governação, a transparência e a descentralização, o apoio ao associativismo, o diálogo social na cidade e laboral dentro da autarquia, e a afirmação de uma cidade liderante no combate ao centralismo.
Em que áreas esse trabalho é mais visível?
No âmbito das áreas sob responsabilidade direta do PS, o trabalho dos nossos vereadores tem sido extraordinário. As mudanças incluem o regulamento de Gestão do Parque Habitacional, o programa de regularização de dívidas nos bairros sociais, o programa de recuperação das ilhas, um vasto pacote de investimento e reabilitação dos bairros, a suspensão da venda de património municipal no Centro Histórico, a criação do fundo de emergência social, a carta de cuidados de saúde primários, as novas ARU, e a reabilitação da Escarpa das Fontainhas com respeito pelos moradores. Mais recentemente, a reabilitação do Mercado do Bolhão (que aguardava por obras há 30 anos) é a evidência de um mandato autárquico que vai ficar na história. O PS está a contribuir para uma política ao serviço das pessoas, porque nós não esquecemos o Porto no dia seguinte às eleições.
Que estratégia pode o PS desenvolver para devolver aos portuenses uma confiança acrescida na sua proposta para a cidade?
O projeto que apresentei aos militantes dará continuidade a um esforço de abertura e qualificação do PS que envolve as estruturas do PS na cidade e todos os seus autarcas, na Câmara Municipal, Assembleia Municipal e Juntas de Freguesia. Não tenho quaisquer dúvidas: a cidade reconhece o trabalho que está a ser desenvolvido na autarquia e a ação do PS não se esgota nela, garantindo assim que a confiança no projeto do PS vai muito para além das funções autárquicas e das fronteiras da cidade. O PS é o grande partido do Porto e mistura-se com a história da cidade. Queremos que o PS/Porto mantenha a identificação com esses valores e que seja um espaço de cidadania plena para todos os cidadãos do Porto.
Uma área metropolitana com a dimensão do Porto que implicará saber potenciar sinergias.
Essas sinergias são fundamentais, desde logo entre municípios, e por isso fomos muito favoráveis à criação da Frente Atlântica do Porto, que envolve os concelhos do Porto, Vila Nova de Gaia e Matosinhos. Por outro lado, é importante que as várias estruturas socialistas da região encontrem igualmente espaços de convergência e de trabalho comum. Os combates que estamos a travar contra a fusão das empresas das águas, contra a subconcessão dos transportes públicos, mas também pela autonomia do Aeroporto do Porto ou a denúncia do desvio de fundos comunitários, entre tantos outros, implicam um PS afirmativo e que consiga ter lideranças capazes de se articularem e explorarem sinergias em torno de causas comuns. O PS/Porto não deixará de contribuir para um esforço de união e convergência que fortaleça a acção dos socialistas em todos os concelhos do Grande Porto.
Outro dos pilares que referiu é o contributo para uma nova maioria liderada pelo PS no país.
A alternativa do PS liderada por António Costa nunca foi tão importante e não podemos falhar. Pelos portugueses, não temos o direito de falhar. E por isso o PS/Porto vai trabalhar afincadamente por uma vitória nas legislativas e pelo reforço de uma matriz vincadamente socialista no seio do PS. António Costa poderá contar com o PS/Porto. Nós não estamos dispostos a crer que o presente é o único estado possível das coisas. Por isso pensamos a realidade não simplesmente para a descrever, mas para a transformar. Nesse combate nós diremos presente e desde as eleições na Concelhia já tivemos várias acções com o Secretário-geral no Porto, incluindo uma sessão no Rivoli com mais de mil militantes e simpatizantes, e o aniversário do PS no Pavilhão Rosa Mota, que contou com milhares de socialistas e transmitiu um enorme sinal de combatividade e mobilização. O PS/Porto contribuirá inequivocamente para a vitória de António Costa nas eleições legislativas.