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É indispensável que o país responda com “determinação e empenho” ao desafio da recuperação económica

É indispensável que o país responda com “determinação e empenho” ao desafio da recuperação económica

Só dentro de dois anos, no pressuposto de que a crise da pandemia de Covid-19 vai ser “contida no segundo trimestre”, é que a economia portuguesa poderá voltar aos números positivos registado em 2019, advertiu ontem o ministro de Estado e das Finanças, Mário Centeno, sublinhando ser fundamental que o país responda com “determinação” ao desafio da recuperação económica.

Mostrando naturais reservas perante uma crise de saúde pública inédita e para a qual “ninguém estava verdadeiramente preparado”, o ministro das Finanças foi ontem à TVI defender que a economia portuguesa terá que esperar “provavelmente dois anos” para poder voltar aos números que apresentou em 2019 – ano em que, pela primeira vez nos últimos 40 anos, como recordou, “o país fechou as suas contas públicas com excedente orçamental” -, uma certeza que Mário Centeno diz estar agora dependente da possibilidade de “se conter a crise sanitária neste segundo trimestre”.

Para se ter uma ideia do peso provocado por esta crise na economia portuguesa, o ministro avançou nesta entrevista com uma estimativa do próprio Governo, segundo a qual por “cada 30 dias úteis em que a economia esteja parada há uma queda do PIB anual de 6,5%”, avisando, contudo, que o “impacto dos 30 dias úteis no produto não é linear”, porque o processo “vai-se deteriorando a medida que o tempo passa”.

O que é absolutamente indispensável, segundo Mário Centeno, é que o país responda na altura certa ao desafio da recuperação da sua economia com a mesma determinação e empenho “como se está agora a fazer em relação à saúde”, voltando a sublinhar que só dentro de quatro, cinco meses, quando houver estimativas do PIB é que “perceberemos que esta crise de saúde pública não tem qualquer comparação com qualquer coisa próxima que tenhamos vivido”.

Portugal não precisa de voltar à receita de austeridade

Lembrando que a economia portuguesa está hoje “mais bem preparada” para enfrentar a atual crise do que estava em 2011, quando teve de avançar para um resgate financeiro, e que a situação que Portugal hoje enfrenta “não será muito diferente da de outros países europeus”, o ministro das Finanças lembrou que relativamente ao défice de 2020, apesar de não haver ainda dados concretos, os números poderão andar próximos dos “6,7 mil milhões de euros”. Um valor que tem em conta, segundo Mário Centeno, o aumento da despesa com as medidas de apoio ao emprego, “como o lay-off simplificado” ou com o “subsídio de desemprego”, mas também com a queda da receita que resulta do “aumento esperado do desemprego”, em consequência da queda da atividade económica que as medidas de contenção impostas pela Covid-19 determinaram.

Do que o país não precisa, defendeu Mário Centeno, é de voltar a apostar em “medidas de austeridade”, uma ideia, aliás, também expressa pelo primeiro-ministro numa entrevista à agência Lusa, lembrando o titular da pasta das Finanças que este é o tempo de “garantir que há dinheiro para acudir à fase aguda desta crise” de saúde pública, voltando a recordar que “esta é uma crise temporária que não é estrutural”.

Para o ministro das Finanças e também presidente do Eurogrupo, a resposta a esta crise pandémica, tal como em relação à recuperação da economia, só faz sentido se houver uma coordenação a nível europeu, recordando a este propósito que a última reunião do Eurogrupo terminou precisamente com um “acordo sobre um pacote de ajuda financeira de emergência no valor de 500 mil milhões de euros aos Estados-membros”.

Uma verba que não representa, como salientou Mário Centeno, o “fim da linha”, mas uma forma de garantir que “todos os países têm capacidade financeira para responder aos desafios que estão colocados pela pandemia do novo coronavírus”.