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Chegada de Mário Soares do exílio evocada em Santa Apolónia

Chegada de Mário Soares do exílio evocada em Santa Apolónia

A chegada de Mário Soares a Portugal depois da Revolução dos Cravos, vindo do exílio em Paris, foi evocada na passada sexta-feira, numa cerimónia na Estação de Santa Apolónia, em Lisboa, que homenageou o antigo Presidente da República e a memória do “Comboio da liberdade”.
Nuno Brederode Santos - Opinião

A sessão foi promovida conjuntamente pelos CTT – Correios de Portugal e pela Infraestruturas de Portugal, durante a qual foi descerrada uma placa por Isabel Soares, sua filha, com as inscrições “Comboio da liberdade” e “só é vencido quem desiste de lutar”, esta uma das frases mais emblemáticas do fundador do PS.

Além da placa evocativa, os CTT lançaram também um selo de homenagem a Mário Soares, com uma fotografia da autoria de Luís Vasconcelos, e ainda uma peça filatélica com o retrato oficial do antigo chefe de Estado, da autoria de Júlio Pomar.

Isabel Soares descreveu a chegada do seu pai a Santa Apolónia, no dia 28 de abril de 1974, sobre o qual se cumpriram 43 anos, como “um momento empolgante” para muitos portugueses, mas também de muita “ansiedade” para os dois filhos.

Entre Vilar Formoso e Lisboa, o “comboio da liberdade” onde vinham Mário Soares, a sua mulher, Maria de Jesus Barroso, e outros históricos dirigente e fundadores do PS, como Francisco Ramos da Costa, Manuel Tito de Morais e Fernando Oneto, foi forçado a fazer várias paragens prolongadas, como recordou Isabel Soares, em virtude do entusiasmo popular que o acompanhava.

“Assim que entrou em território nacional, aquele comboio foi rodeado em todas as estações. Em cada paragem o meu pai saía e juntava-se à população que, comovidamente, festejava a liberdade e o seu regresso a Portugal”, lembrou.

Intervindo também na cerimónia, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa saudou a iniciativa por “assinalar uma data simbólica e histórica na vida da democracia portuguesa”.

“Verdadeiramente, este evento não foi uma chegada a Lisboa, mas uma chegada a Portugal, já que representou uma ideia de futuro para o nosso país. Mais do que o ato físico da chegada de Mário Soares, celebramos a chegada a Portugal do ideário de liberdade e de democracia, da descolonização, do desenvolvimento e da adesão à Comunidade Económica Europeia”, referiu Fernando Medina.

Já o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, a quem coube fazer o último discurso da sessão, evocando as imagens impressivas dos milhares de pessoas que enchiam o largo em frente à estação, numa receção “entusiástica” e “de grande emoção”, defendeu que a chegada de Mário Soares a Santa Apolónia foi simultaneamente uma partida de Portugal para um novo rumo.

“Embora com 49 anos de idade, para Mário Soares contavam-se já 32 anos de oposição ao regime. Maria de Jesus Barroso, sua mulher, e os companheiros do exílio que o acompanhavam podiam agora voltar à pátria em liberdade. Mário Soares era já para os portugueses um símbolo da luta pela democracia”, disse, recebendo uma prolongada salva de palmas.