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António Guterres fala em urgência de se reinventar cooperação e governação a nível mundial

António Guterres fala em urgência de se reinventar cooperação e governação a nível mundial

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, alertou ontem para a “necessidade urgente” de se reinventar a cooperação e a governação a nível mundial para que continuem ao nosso alcance as “aspirações comuns de paz”, e revelou que vai convocar para setembro uma cimeira sobre a transformação da educação para se debater a “perturbação do ensino sem precedentes” trazida pela pandemia de Covid-19.

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António Guterres, Prémio Universidade de Coimbra

António Guterres, que recebeu o prémio Universidade de Coimbra, que distingue anualmente uma personalidade portuguesa de inequívoco valor nas áreas da cultura, economia e gestão, e ciência e inovação, mencionou os vários flagelos que vêm assolando o mundo, como a pandemia de Covid-19, a crise climática, a poluição, a perda de biodiversidade, o aumento das desigualdades e ainda “os conflitos cruéis e as tensões geopolíticas”.

“Estes problemas ilustram a necessidade urgente de reinventar a cooperação e a governação a nível mundial para que as nossas aspirações comuns de paz, desenvolvimento sustentável, direitos humanos e dignidade para todos continuem ao nosso alcance”, frisou o secretário-geral da ONU numa gravação em vídeo que foi emitida na sessão solene comemorativa do 732º aniversário da Universidade de Coimbra.

Com a ofensiva militar russa na Ucrânia, António Guterres lembrou “os milhões de pessoas que são forçadas a deixar as suas casas” e explicou que “a desconfiança entre as potências mundiais atinge o seu clímax, a confiança entre pessoas e instituições deteriora-se. A verdade é posta em causa, entidades sem escrúpulos aproveitam-se do caos do espaço digital, teorias da conspiração, desinformação e ódio fomentam clivagens sociais e polarização”.

O secretário-geral das Nações Unidas aludiu em seguida ao relatório ‘A Nossa Agenda Comum’, que apresentou recentemente, e que pretende dar “um contributo significativo” para o debate e procura de soluções para enfrentar os desafios com que o mundo se depara.

E elucidou: “É um relatório que visa reforçar a Agenda 2030, com vista a uma melhoria efetiva da vida das pessoas, colocando as gerações futuras no centro dos nossos esforços. Neste contexto, convocarei para setembro próximo, em Nova Iorque, uma cimeira sobre a transformação da educação”.

Aqui, António Guterres fez uma ponte com a “perturbação do ensino sem precedentes” que a pandemia de Covid-19 trouxe, uma vez que agravou as desigualdades no acesso à educação.

“Enquanto antigo docente, sei bem como esta crise no ensino é prejudicial para os jovens e como traz também graves consequências para o futuro das nossas sociedades. Sem sistemas educativos eficazes, não seremos capazes de responder às necessidades do mercado de trabalho, de promover os direitos humanos e a igualdade de género, ou de fortalecer as instituições democráticas”, defendeu.

Desta forma, a cimeira sobre a educação será “uma primeira oportunidade para os líderes mundiais, os jovens e todos os interessados em educação unirem esforços”, referiu António Guterres.

“Representa uma oportunidade para reavivar o nosso compromisso coletivo para com a educação como um bem público primordial e uma fonte de progresso. Basear-se-á numa perspetiva inovadora da educação, de maneira a que os alunos não apenas aprendam, mas aprendam a aprender, a pensar por si mesmos e a pôr a sua curiosidade ao serviço do bem comum”, concluiu.

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