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António Costa sublinha importância de manter “forte unidade da UE” no apoio à Ucrânia

António Costa sublinha importância de manter “forte unidade da UE” no apoio à Ucrânia

Não se devem criar “falsas expetativas” à Ucrânia acerca da sua adesão à União Europeia. Esta a ideia repetida em Haia, capital dos Países Baixos, pelo primeiro-ministro português, que sugeriu outros caminhos e outro tipo de acordos, focados nas respostas e no apoio imediato de que este país necessita.

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António Costa em Haia

Falando aos jornalistas após ter participado, em Haia, num jantar de trabalho restrito de chefes de Estado e de Governo da União Europeia com o secretário-geral da NATO, António Costa voltou a defender que pouco valem as falsas promessas de uma rápida adesão da Ucrânia à União Europeia, lembrando, por exemplo, que Portugal desde o pedido de adesão à então CEE até ter entrado por direito no bloco europeu, teve de esperar nove anos, defendendo o primeiro-ministro que a prioridade da ajuda à Ucrânia, por agora, deve estar focada “no apoio financeiro, militar, humanitário e político”.

De acordo com António Costa, o que o bom senso recomenda é que não se criem “falsas expetativas” que podem levar a um “efeito de ricochete” sobre a União Europeia, cenário que está criado, aliás, como lembrou, em muitos países dos Balcãs Ocidentais, que hoje manifestam um entusiasmo bastante inferior em relação ao projeto europeu, precisamente pelo acumular “desta frustração”.

Perante este quadro, o primeiro-ministro conclui que “a última coisa que o povo ucraniano merece é frustração”, aconselhando a Europa a responder com aquilo que é possível garantir de imediato à Ucrânia, designadamente com apoios ao nível “financeiro, militar, humanitário e político”, alertando para a necessidade de se manter “o maior cuidado possível” para que não se dê nenhum sinal que “quebre o ânimo extraordinário do povo ucraniano nesta guerra tão desigual que está a travar”.

António Costa advertiu, igualmente, que esta é também uma matéria que poderia pôr em causa a “forte unidade que os países da UE têm revelado desde o início da agressão militar russa”, apontando que não se espera que possa haver uma posição unânime dos 27 Estados-membros sobre este tema no próximo Conselho Europeu de 23 e 24 de junho, encontro onde os líderes europeus vão analisar o parecer que a Comissão Europeia deverá emitir na próxima sexta-feira sobre a candidatura da Ucrânia ao bloco comunitário.

Para que não haja ruturas ou divisões desnecessárias entre os países europeus, o primeiro-ministro sugere a criação de um “acordo de associação” entre o bloco comunitário e a Ucrânia, que permitisse, nomeadamente, uma total “liberdade de circulação dos ucranianos no espaço comunitário e o levantamento das barreiras à circulação de bens ucranianos no mercado interno da União Europeia”.

Reconhecendo ser difícil falar da Ucrânia “sem uma enorme carga emocional”, perante a “brutalidade da violência das imagens que vemos no terreno”, o primeiro-ministro defendeu, contudo, que a exemplo de outros casos, também a questão ucraniana exige que se pense “menos com o coração e mais com a cabeça”, lembrando que a política por vezes, assim o recomenda.

Cimeira da NATO

Nesta declaração à imprensa, o primeiro-ministro teve ainda ocasião para refletir sobre veto anunciado pela Turquia à adesão da Suécia e da Finlândia à Organização do Tratado do Atlântico Norte, tendo manifestado o desejo de que a posição turca “possa estar ultrapassada até à Cimeira de Madrid”, dentro de duas semanas.

Se tal não for possível, ainda segundo António Costa, também “não vale a pena dramatizar”, porque com o tempo, garantiu, o diferendo atual “será negociado e trabalhado” ao nível da diplomacia, havendo, portanto, como referiu, “todas as possibilidades de se encontrarem as respostas que a Turquia exige”. António Costa voltou, contudo, a insistir na importância da cimeira de Madrid, altura em que os aliados poderão e deverão “aprovar o novo conceito estratégico para os próximos 10 anos, bem como o plano de investimentos e de reforço do financiamento da NATO”.

Neste novo conceito estratégico para a próxima década, ainda segundo o primeiro-ministro, os líderes da NATO vão estabelecer em Madrid, entre outras ações, as regras do novo conceito estratégico da Aliança, incluindo o “fortalecimento da dissuasão e defesa, as ameaças transnacionais (cibernéticas e climáticas), e o aprofundamento das parcerias com aliados democráticos na Europa e na Ásia”, num contexto “geopolítico novo”, desencadeado pela invasão da Ucrânia pela Rússia.

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