Comparando a invasão russa da Ucrânia à ocupação e anexação de Timor-Leste pela Indonésia, no final de 1975, António Costa rejeitou qualquer cenário de paz que não passe pelo primado do direito internacional.
Ainda a propósito de Timor-Leste e da “ocupação ilegal” por parte da Indonésia, o primeiro-ministro lembrou o movimento de grande solidariedade que na altura percorreu Portugal, que, sozinho, como recordou, andou na “cena internacional a bater-se pela defesa do direito à autodeterminação do povo de Timor-Leste” e que, quando muitos já não acreditavam num desfecho favorável, acabou por vingar o direito internacional, “que é a arma dos pequenos países e dos povos que querem ser livres e de viver em paz”.
António Costa falava à imprensa portuguesa após ter participado em Paris numa reunião de alto nível de apoio à Ucrânia, numa altura em que se assinalam dois anos do início da invasão russa, defendendo que socorrer a Ucrânia é estar a garantir, ao mesmo tempo, “a nossa própria segurança no futuro”.
Sobre a hipótese aventada de alguns países ocidentais equacionarem o envio de tropas para a Ucrânia, António Costa observou que uma decisão desta importância e com este peso teria sempre de ser tomada coletivamente, lembrando que numa Aliança de defesa como é a NATO, a “gestão de riscos é também do interesse comum”, preferindo antes valorizar as declarações de Emmanuel Macron, quando no início da reunião alertou os líderes internacionais presentes para se “prepararem para os ataques da Rússia”.
A propósito deste alerta do Presidente francês, António Costa voltou a referir que os países que têm vindo a auxiliar a Ucrânia têm de se preparar para enfrentar os “diferentes riscos” que a guerra coloca, com a mesma determinação e a mesma consciência como “têm sabido apoiar o esforço extraordinário do povo ucraniano”, saudando a oportunidade desta reunião numa altura, como assinalou, em que a Ucrânia “corre o risco de ficar sem liquidez no final de março”.
O primeiro-ministro português salientou ainda que, deste encontro, resultou uma posição de “consenso” em “reforçar o apoio, seja financeiro, seja de equipamento, para sustentar o esforço de guerra da Ucrânia”.
