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Acordai!

Acordai!

A Declaração de Princípios do PS afirma-nos como um partido cosmopolita. Não é linear fixar concretamente o sentido exato desse cosmopolitismo, até porque não creio que ele se confunda com uma adesão acrítica à globalização, que teve benefícios, mas também perdedores.

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Acção socialista

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Órgão Nacional de Imprensa

O «Ação Socialista» é o jornal oficial do Partido Socialista, cuja direção responde perante a Comissão Nacional. Criado em 30 de novembro de 1978, ...

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Opinião de:

Acredito que esse cosmopolitismo aponta para a nossa identificação com um universalismo onde cabem todos os seres humanos, na sua diversidade, titulares dos mesmos direitos fundamentais. Se do marxismo-leninismo nasceu uma espécie de “internacionalismo” onde todos os aderentes à causa, em qualquer parte do mundo, deviam servir os interesses do “socialismo num só país” (a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), o socialismo democrático está vinculado a um outro internacionalismo, onde sofremos pelas dores de todos, vibramos com as lutas de todos, nos regozijamos com todas as vitórias da emancipação e da vida boa, em qualquer canto do mundo – e reconhecemos com reciprocidade os direitos fundamentais de todos os seres humanos. Essa identificação como partido cosmopolita traduz o nosso interesse permanente pelo estado do mundo.

Esse cosmopolitismo, que aqui enuncio na coloração (mais tradicional) de internacionalismo, deve manter-nos alerta na hora grave que vivemos no mundo. Com todas as suas imperfeições (incluindo as falhas na concretização de uma prosperidade partilhada), a Europa (e, especificamente, a União Europeia) é um dos espaços onde os ideais da liberdade protegida nas instituições democráticas tem resistido mais aos ataques dos seus inimigos, os autocratas e os inimigos da universalidade dos direitos humanos fundamentais. Esse nosso espaço de liberdade está a ser ameaçado. Ameaçado pela corrosão interna de democracias com quem estamos envolvidos no plano da ordem internacional, reforçando o inimigo interno das nossas democracias. E, agora, ameaçado pelo adensar das ameaças de uso da força para configurar uma cena internacional mais favorável aos autocratas. Nenhuma democracia europeia estará a salvo se não forem decisivamente derrotadas quaisquer tentativas para expandir a mancha dos Estados vassalos neste canto do mundo.

A guerra é o limite existencial. A guerra é a negação de tudo o que é genuinamente humano. (Além do mais, para a esquerda, a guerra sempre foi ocasião de divisões dolorosas.) Contudo, a guerra não se evita com o falso pacifismo dos que se dispõem a trocar a liberdade pela vida, aceitando a servidão como escapatória. Ser genuinamente pacifista é trabalhar para que seja contraproducente, para qualquer potência, iniciar uma guerra. Esse pacifismo genuíno deve ser prosseguido com negociações, claro, porque é com os adversários e inimigos que é mais difícil, mas também mais necessário, negociar para evitar a desgraça mútua. Mas deve, também, esse pacifismo genuíno ser prosseguido com a determinação de nos opormos aos que usam a força das armas como alavanca dos seus interesses. Essa capacidade para nos opormos à servidão requer meios, capazes de travar os que só entendem a linguagem das armas. Nós, os europeus, esperámos tempo demais para tomar nas nossas próprias mãos a responsabilidade de proteger a nossa liberdade dos seus inimigos. De todos os seus inimigos, onde quer que eles estejam. Não estamos perante um jogo. Estamos perante uma encruzilhada existencial: temos o direito de esperar que a política democrática não se distraia da gravidade da hora atual. Nem escamoteie o debate público dos desafios do momento presente.

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