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PS acusa PSD de ignorar crise internacional

António Vitorino, coordenador do programa eleitoral do PS, considerou hoje “espantoso” que o programa eleitoral do PSD não tenha dedicado “um só parágrafo” às questões da regulação financeira ou à crise internacional.

Numa sessão integrada na “JS Summer Fest”em que também participaram Augusto Santos Silva e Sérgio Sousa Pinto, António Vitorino defendeu que “atravessamos uma crise económica que resulta essencialmente da desregulação dos mercados financeiros, da especulação financeira internacional e do impacto que essa especulação teve na economia mundial, com custos sociais elevados, designadamente em matéria de desemprego. Ora, se há uma questão essencial com que a comunidade internacional esteja confrontada é com a necessidade de adoptar medidas de regulação do sector bancário e dos mercados financeiros para impedir que as mesmíssimas circunstâncias especulativas nos possam fazer de novo mergulhar numa crise do mesmo tipo.

Assim, o dirigente do PS afirmou que é “surpreendente que sobre as responsabilidades da supervisão, sobre a necessidade de maior coordenação internacional em relação ao funcionamento dos bancos que operam a nível transnacional, o principal partido da oposição em Portugal tenha achado por bem que era possível apresentar uma proposta de programa eleitoral sem dedicar sequer um parágrafo ou uma frase que seja à questão da regulação financeira internacional”.

Na sua intervenção, António Vitorino considerou ainda “espantoso verificar que nem por uma única vez que a Drª Manuela Ferreira Leite se tenha referido à crise internacional”.  “Percebe-se qual o alcançe político dessa estratégia de Manuela Ferreira Leite: dizer que os problemas do país são todos internos e ficam a dever-se à má política económica deste Governo, e para que essa tese possa ter alguma verosimilhança é preciso então apagar da mente das pessoas a circunstância de estarmos a viver a mais grave crise internacional desde a grande depressão dos anos 30”, referiu o dirigente socialista.

Todavia, para António Vitorino, a ausência de referências à crise internacional “prova também que o PSD não sabe como responder a esta crise internacional”. “O silêncio não é apenas uma tentativa de pôr o PS no pelourinho das dificuldades económicas actuais, mas é também o reconhecimento e a confissão que, em relação a esta conjuntura, o PSD ou não tem ideias alternativas, ou pura e simplesmente as ideias alternativas que tem não as quer explicitar – e isso ainda é mais preocupante”, considerou.

Reforçando as afirmações de António Vitorino, o ex-líder da JS Sérgio Sousa Pinto acusou “a direita de saltar olimpicamente sobre os efeitos da actual crise internacional” e de ter “uma fé cega no mercado”. “Este programa eleitoral da direita podia ter sido escrito há 15 ou dez anos, com a mesma fé cega no mercado e a mesma mentalidade de seita, sem abertura para novas respostas. A direita provou que não tem qualquer resposta para responder aos problemas do nosso tempo”.