O Secretário-Geral do PS lamenta a morte de Fausto Bordalo Dias
Soubemos hoje pela manhã da morte de um dos maiores cantautores portugueses – Fausto Bordalo Dias, deixa-nos aos 75 anos.
Nascido a bordo do navio Pátria, a caminho de Angola, é registado natural de Vila Franca das Naves a 26 de novembro de 1948.
Aos 18 anos regressa à chamada metrópole e ingressa no ISCSP para estudar ciências políticas e sociais, onde anos depois se licencia.
Como o próprio dizia “eu vim para estudar e não para cantar mas a música nunca mais me largou”.
A partir de 1970 inicia-se na canção de protesto onde “essencialmente, de forma metafórica, procura dizer-se algo de forma que passasse para além da censura”, para a partir da Revolução de Abril se juntar à chamada música de intervenção sempre muito acompanhado e influenciado pelos amigos de sempre, de onde se destacam José Afonso e Adriano Correia de Oliveira, mas também José Mário Branco, Vitorino e Sérgio Godinho.
Em 1974 é fundador do Grupo de Ação Cultural – Vozes na Luta (GAC) com José Mário Branco, Afonso Dias e Tino Flores dando assim o seu contributo para a divulgação da canção portuguesa um pouco por todo o país em dezenas de sessões de canto por todo o país.
Na década de 80 afastando-se um pouco dessa corrente, centra-se na essência da música tradicional portuguesa e ajuda a desenvolvê-la. Inspirado n’A Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, reconhece-se como também ele homem da diáspora e inicia uma trilogia de álbuns à volta da história trágico marítima portuguesa e com o aclamado “Por este rio acima” canta de forma absolutamente poética a epopeia marítima, os naufrágios e as desventuras portuguesas do tempo dos descobrimentos.
Homem profundamente carismático, mas muito reservado, sempre fugiu de grandes homenagens. Não obstante, foi reconhecido como oficial da Ordem da Liberdade em 1994 e recebeu o Prémio carreira Carlos Paredes em 1997.
Numa recente entrevista de vida à RTP no programa Primeira Pessoa, assume-se como um muito bom guitarrista apesar de reconhecer que as pessoas o reconhecem mais como cantor.
Em meu nome pessoal e do Partido Socialista, reconheço o guitarrista, o cantor, o compositor, o poeta, o cidadão atento e comprometido com as causas da cultura, manifestando o nosso profundo pesar pelo falecimento de Fausto Bordalo Dias, prestando-lhe homenagem e transmitindo à sua família e amigos as mais sentidas condolências.
Pedro Nuno Santos