home

"O povo português tem um afeto muito grande em relação ao SNS"

"O povo português tem um afeto muito grande em relação ao SNS"

O ex-ministro da Saúde Correia de Campos considerou hoje que a “guarda avançada” do Serviço Nacional de Saúde (SNS) é o “povo português”, que “sabe muito bem” que sem o SNS “não teria cuidados médicos” espalhados pelo país.

“O povo português tem um afecto muito grande em relação ao SNS”, disse à Agência Lusa Correia de Campos, que participou hoje em Lisboa numa reunião de subscritores de um manifesto em defesa do SNS, com o intuito de preparar o Forum “SNS, Um direito, Um dever” que se realiza a 18 de Setembro no Porto.
Questionado sobre se o projecto de revisão constitucional dos sociais-democratas é encarado como um “cavalo de Tróia” para a eventual destruição do SNS, Correia de Campos replicou que “seria certamente se fosse aceite a solução do PSD”.
“Eu não atribuo essa intenção ao PSD, mas penso que eles não se deram conta que ao mudar a lógica completa do sistema de universalidade, fazem desaparecer a prática da universalidade”, disse o ex-ministro da Saúde socialista, alertando para os perigos da inversão completa do modelo subjacente ao projecto de revisão constitucional do maior partido da oposição.
O médico Eduardo Barroso, outros dos signatários do manifesto, disse à Lusa acreditar que, deliberadamente, “ninguém quer a destruição do SNS”, mas realçou que o Serviço tem de se “impor pela sua qualidade” e apostar na “criação de formas organizativas modernas de exercício da medicina”.
Só assim – prosseguiu – será possível as pessoas dizerem: “Eu tenho outras alternativas, mas prefiro o SNS”.
Eduardo Barroso enfatizou também que o SNS tem de “criar centros de referência e de excelência” na prestação de cuidados médicos, observando que, se há coisas que o sector privado pode fazer tão bem como o SNS, há outras “que só o Estado, só uma organização como o Serviço Nacional de Saúde, podem tratar de maneira correcta”.
João Goulão, presidente do Instituto da Droga e Toxicodependência, realçou que o SNS é uma das “pedras basilares” da democracia e do 25 de Abril.
Entende que a reunião de hoje é uma oportunidade para analisar questões importantes como a garantia da sustentabilidade do SNS, a “existência de profissionais capacitados para lhe dar continuidade e as novas formas de gestão introduzidas, para ver como “tudo isto joga” no sentido de prosseguir com um sistema lançado há 30 anos.
O presidente do IDT admitiu que as propostas políticas que visam terminar com a garantia de oferta de cuidados de saúde a todos os cidadãos de forma tendencialmente gratuita coloca “em risco” a continuidade desta garantia.
No encontro no Centro Cultural de Belém (CCB) estiveram presentes várias figuras do sector, designadamente Manuel Pizarro, secretário de Estado adjunto e da Saúde, Francisco George, director geral da Saúde, José Pereira Miguel, presidente do Instituto Nacional de Saúde Dr Ricardo Jorge, a deputada socialista Maria Antónia Almeida Santos e a presidente do Centro Hospitalar de Lisboa, Teresa Sustelo.
O manifesto tem também como signatários, entre outros, o socialista António Arnaut, a antiga ministra da Saúde Maria de Belém e a atual detentora do cargo, Ana Jorge.