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“O Pontal do nosso desapontamento”

“O Pontal do nosso desapontamento”

mariadebelem_400x300.jpgA Presidente do Partido Socialista, Maria de Belém Roseira, publica hoje um artigo de opinião no semanário O Sol, intitulado “O Pontal do nosso desapontamento”.

Começa por referir as expectativas de que a festa do PSD no Pontal como a ocasião de grandes e importantes anúncios ao país. Após algumas críticas ao espaço da Festa, “o calendário cumpriu-se, o figurino decidido também, mas o discurso foi incoerente, imprudente e, mais do que isso, uma desilusão”.

Para a Maria de Belém, o primeiro-ministro foi incoerente quando afirmou que no importante não falhamos, referindo-se ao cumprimento das metas do défice. Mas todas as previsões apontam para que seja necessário recorrer a expedientes, como os de 2011, para que se atinga as medias acordadas. A deputada do PS não compreende que Passos Coelho refira a regra de ouro, como “varinha milagrosa construtora de virtudes no domínio das finanças públicas”, quando esta regra já existe em Espanha e na Irlanda e a situação nesses países é a que se conhece.

Refere também que o primeiro-ministro foi imprudente, pois “no próprio dia em que se conhecem as mais elevadas taxas de desemprego alguma vez registadas no nosso país, a mais elevada descida da riqueza produzida desde 2009 – o pico da crise – a mais elevada queda da procura interna e em que não se desconhece a grave situação em Espanha – o nosso mais relevante parceiro comercial externo – bem como todo o contexto envolvente, europeu e mundial, afirmar que 2013 será o ano de viragem e de recuperação económica não será muito avisado”. Até porque as previsões de vários organismos independentes apontam em sentido oposto, é por isso imprudente fazer uma afirmação tão otimista sem indicar qualquer medida concreta que a sustente.

Mas para Maria de Belém, principalmente foi uma desilusão. “Quando todos hoje compreendem que o que mais falta faz à solidez das finanças públicas é economia, nem uma única medida é avançada neste domínio”, e continua a enumerar as falhas do discurso, não há referencias as políticas europeias, especialmente BCE, nem uma palavra sobre o Orçamento de 2013, bem um sinal de esperança para os portugueses fustigados pela tragedia do desemprego, das dificuldades de acesso à saúde, de fazer frente as despesas essências.

Para o governo e para o primeiro-ministro tudo é uma surpresa. Surpreendidos com o desemprego, culpam o último Governo socialista, mas também avisam já que se os resultados das políticas do Governo não forem os esperados, a culpa é dos portugueses por estarem pouco empenhados em auxiliar o Governo no seu empreendimento.

Maria de Belém crítica, numa analogia com a saúde, a receita atualmente em execução e imposta, como é sua opção e exigência, pelas instâncias internacionais que financiam o programa de assistência. Os resultados desta receita “medem-se em desemprego, recessão e mais recessão”. Aconselhando a rever a posologia – qualquer medicamento em dose excessiva é tóxico e pode matar – mas isso o Governo não quer, porque acredita piamente na receita.

Mesmo quando as estatísticas sociais na União Europeia apontam para um número sem precedentes de desempregados, para um crescimento das desigualdades de rendimentos, para um aumento da pobreza e do risco da pobreza. “Socialmente, este é um desastre de grande dimensão”.

Para a Presidente do PS vivem-se tempos perturbados, em que 147 empresas dominam 40% do poder financeiro mundial, ditando as regras do mercado, como refere um relatório do Instituto Federal Suíço de Tecnologia. A Resposta tem de ser “mais Europa e da Europa dos valores não da Europa dos interesses. E de uma Europa que imponha esses valores no concerto das nações, em que as pessoas e a sua dignidade inerente sejam fundamento e não instrumento.”

Maria de Belém Roseira conclui “Não tenho grandes dúvidas de que, depois de passada esta tormenta e avaliada a dimensão do desastre, se verificará que muitas são as formas de cometer crimes contra a Humanidade, que não apenas o extermínio de massas. Viver sem esperança é uma forma lenta de morrer”.

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