home

Mulheres Socialistas debatem transição climática

Mulheres Socialistas debatem transição climática

‘Crise Climática e Estado de direito’ é o título do relatório ontem apresentado por Edite Estrela, durante a Conferência Temática "Transição Climática e Democracia", organizada pelas Mulheres Socialistas – Igualdade e Direitos (MS-ID). Enquanto relatora pela Comissão dos Assuntos Sociais, Saúde e Dsenvolvimento Sustentável da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, Edite Estrela sublinhou a importância da luta contra a desigualdade de acesso aos direitos ambientais.
Mulheres Socialistas debatem transição climática

“Resiliência climática, Democracia e Direitos Humanos, são os pilares do futuro”, considera a vice-presidente da Assembleia da República, que, enquanto membro da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa chamada a produzir este relatório, constatou uma realidade altamente preocupante: “o aquecimento global está a aumentar a um ritmo cada vez maior e esta poderá ser a maior e mais grave crise que a Humanidade terá de enfrentar”, afirmou Edite Estrela.

Na apresentação nacional do documento, que decorreu ontem numa iniciativa online, Edite Estrela deixou um conjunto de alertas relativamente à forma como a crise climática está a atingir as pessoas, explicando que “há uma espécie de apartheid climático: os ricos pagam, os pobres sofrem”. Em causa estão os países que mais contribuem para o aquecimento global, que atinge as regiões mais pobres do planeta. Por outro lado, a relatora sublinha a necessidade de “integrar a dimensão do género nas políticas ambientais, tendo em conta que as mulheres são desigualmente atingidas por esta crise” para a qual “é necessário, mais do que nuca, resistir e preparar a sociedade”.

Adaptação e mitigação são as palavras-chave para este desafio, sublinha o relatório, que aponta para a necessidade urgente de mudar o modelo económico em que assentam os atuais padrões de desenvolvimento, centrando-o na sustentabilidade e no consumo de energias renováveis.

Esta conferência integra um ciclo de Conferências Temáticas, das quais a presidente das MS-ID é a anfitriã. Elza Pais sublinha “a importância de ouvirmos o que a ciência anda a dizer há anos, os alertas que tem vindo a transmitir e que foram e continuam a ser ignorados, sobre pena de morrermos com um planeta que nos deu tudo e ao qual tudo temos tirado”.

Elza Pais, deputada, convidou para esta conferência Ricardo Campos, presidente do Fórum da Energia e do Clima, e o cientista e deputado Alexandre Quintanilha para comentarem este relatório. Ricardo Campos afirmou que “a pandemia não pode distanciar os países dos objetivos climáticos” e que “temos de ter consciência de que é preciso ouvir o que a Ciência tem para nos dizer”, lembrando que “todos os dias atiramos 110 milhões de toneladas de dióxido de carbono para atmosfera”, pelo que é necessário investir em digitalização, economia circular e energias alternativas.

Alexandre Quintanilha lembrou que “os modelos científicos previam a catástrofe das alterações climáticas há 30 anos, logo, não é por falta de conhecimento que não se reduzem as emissões de dióxido carbónico”. No entanto, o cientista revelou estar otimista quanto ao futuro da Humanidade, dando nota de que “está já em curso um certo processo de redefinição dos recursos à nossa disposição, sabendo que recursos naturais são finitos, fazendo uma valorização inteligente do que existe”. Alexandre Quintanilha deu nota também de que parte do seu otimismo se deve às mulheres: “elas estão mais próximas das crianças e sabem valorizar a qualidade em detrimento da quantidade, é uma questão de educação”.

A moderação da conferência esteve a cargo da deputada Joana Bento, que integra a Comissão Parlamentar do Ambiente, Energia e Ordenamento do Território.