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Elza Pais: “É preciso integrar a perspetiva de género nas políticas públicas”

Elza Pais: “É preciso integrar a perspetiva de género nas políticas públicas”

A pandemia tornou evidente que o conceito de economia do cuidado tem de ser pensado e integrado nas novas estratégias de desenvolvimento do país. Esta foi uma das conclusões de mais uma conferência do ciclo 'Causas com sentido', uma iniciativa das Mulheres Socialistas – Igualdade e Direitos (MS-ID), que decorreu ontem por videoconferência, tendo como tema a 'Crise Pandémica: Travar o Retrocesso dos Direitos Humanos'.
Elza Pais: "É preciso integrar a perspetiva de género nas políticas públicas"

Elza Pais, deputada e presidente das MS-ID, diz que “não é tempo de voltar atrás, é preciso avançar para a integração da perspetiva de género nas futuras políticas que o Governo se prepara para adotar”.

A líder das Mulheres Socialistas referiu um dado estatístico recentemente apurado: “verificou-se que, dos trabalhadores que ficaram em casa a prestar apoio aos filhos pequenos, 80% são mulheres”. Este dado, acrescentou, “é fundamental para perceber toda uma dinâmica, sendo igualmente importante saber por que razão são as mulheres as mais dispensáveis”.

Elza Pais não tem dúvidas: “em casa a opção é simples: opta-se por penalizar menos o orçamento familiar e já que são elas que ganham menos, são elas quem fica em casa”.

Este foi um dos diversos temas analisados ontem em videoconferência com Ana Sofia Fernandes, Miguel Vale de Almeida e Teresa Fragoso, secretária nacional das MS-ID e presidente da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG), a quem coube a tarefa de moderar o debate,

Ana Sofia Fernandes, secretária-geral da Plataforma Política para os Direitos das Mulheres (PpDM) centrou-se nas “lições aprendidas”, dando nota de que “os futuros planos de recuperação do país têm de integrar a perspetiva de género”, um tema que considera “não ter sido suficientemente tratado pelas instâncias sociais e governativas”. Ana Sofia Fernandes explicou que “a pandemia revelou desigualdades estruturais” que terão de ser corrigidas “com recurso, por exemplo, aos fundos estruturais”, que deverão ser aplicados “em políticas sociais inovadoras”.

Miguel Vale de Almeida, professor e investigador no Centro de Estudos de Antropologia Social (CEAS-ISCTE), manifestou grande preocupação com “o avanço dos populismos e da extrema-direita” que, durante este período “assumiu um papel de guardiã dos valores conservadores e aproveitou para promover um ataque concertado aos direitos conquistados”. Por isso mesmo, sublinhou o antropólogo, “a questão do género é fulcral, tem de se pensar na economia do cuidado e na base onde ela assenta”.

No encerramento, Elza Pais sublinhou a importância de “agirmos no sentido de travarmos os populismos”, lembrando que “passámos de uma modelo de austeridade para um modelo de investimento” em que “é valorizado o rendimento e o apoio às famílias e contra o seu empobrecimento”. Mas, sublinhou, “temos de valorizar o trabalho não pago, que é executado fundamentalmente por mulheres, privando-as de tempo de descanso que é delas e do qual necessitam”.

A iniciativa contou com a participação de dezenas de pessoas, através da página de Facebook das Mulheres Socialistas (Novas Lideranças), que colocaram questões centradas na igualdade de género. A publicação atingiu, em direto, mais de 1.400 visualizações.