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António Costa recorda autora de “obra inovadora” que convida à descoberta

António Costa recorda autora de “obra inovadora” que convida à descoberta

O primeiro-ministro e líder socialista, António Costa, recordou a escritora Maria Velho da Costa, que faleceu no sábado, aos 81 anos, como autora de “uma obra inovadora”, destacando as 'Novas Cartas Portuguesas', escrita em conjunto com Maria Isabel Barreno e Maria Teresa Horta, como um marco que "antecipou a geração de escritoras que renovou a literatura portuguesa" no pós-1974.
António Costa recorda autora de “obra inovadora” que convida à descoberta

“Foi uma das ‘Três Marias’ que ousaram reclamar, para as mulheres, a liberdade que lhes era devida”, refere António Costa, acrescentando que, “sendo, ao mesmo tempo, manifesto e obra literária, ‘Novas Cartas Portuguesas’ inscreve Portugal na história da luta pelos direitos das mulheres”.

“Maria Velho da Costa deixa-nos uma obra inovadora, que merece todos os leitores que venha a encontrar”, sublinhou.

“Mulher corajosa e escritora brilhante”

Também a ministra da Cultura, Graça Fonseca, enalteceu a memória de “uma mulher corajosa” e de “uma escritora inovadora e brilhante”, convidando, igualmente, à descoberta e reencontro com uma obra à qual os leitores devem regressar.

“Recordá-la nos seus gestos de desafio e regressar constantemente aos seus livros, eis o que devemos a Maria Velho da Costa”, refere a mensagem de pesar da titular da pasta da Cultura.

Considerada uma das vozes renovadoras da literatura portuguesa desde a década de 1960, autora de ‘Maina Mendes’ (1969), ‘Casas Pardas’ (1977) e ‘Myra’ (2008), entre outras obras, Maria Velho da Costa foi amplamente distinguida, tendo recebido em 2002 o Prémio Camões.

Foi ainda uma das coautoras, juntamente com Maria Teresa Horta e Maria Isabel Barreno, de ‘Novas Cartas Portuguesas’ (1972), uma obra literária que denunciava a repressão e a censura do regime do Estado Novo, que exaltava a condição feminina e a liberdade de valores para as mulheres, e que valeu às três autoras um processo judicial, suspenso depois da revolução de 25 de Abril de 1974.

Graça Fonseca considera esta obra um “momento fundamental do feminismo em Portugal”.

“Regressar a uma obra que faz parte do nosso património literário, principalmente quando nos soube mostrar o país que teimávamos em não ver”, sublinhou a ministra da Cultura.