Para o primeiro-ministro português, que estava acompanhado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, tarda que os países que integram a aliança Ibero-Americana não tenham já estabilizada uma estratégia comum com vista a uma grande união para “a transição energética”.
Nesta matéria, o que falta completar, como lembrou o chefe do Governo, são os acordos entre a União Europeia, o Chile e o México, e “principalmente com o Mercosul”, um cenário em relação ao qual António Costa manifestou expetativa de que se possa inverter já na presidência espanhola do Conselho da União Europeia, a ter lugar no segundo semestre deste ano, reafirmando, “o que todos já sabem”, que os países que integram esta aliança Ibero-Americana reúnem as condições necessárias para que se possa avançar para “uma grande aliança para a transição energética”.
O custo de não se chegar a um acordo sobre esta matéria, referiu ainda o primeiro-ministro português, “é muito superior” a nada se fazer, apelando a todos os participantes nesta cimeira para que deem o passo que falta dar na presidência espanhola da UE, “coroando de sucesso” esta iniciativa.
António Costa recordou que o que está em causa é a defesa de uma sólida cooperação entre todos os Estados da aliança ibero-americana, também em matéria energética, recordando que é nos países da América Latina e na Europa, em Portugal e em Espanha, que existem “as maiores reservas do mundo de lítio”.
Aos participantes, o primeiro-ministro fez também questão de recordar que Portugal e Espanha assinaram recentemente com França um acordo para a construção de um gasoduto para o transporte de hidrogénio verde, o que significa, como salientou, que o hidrogénio produzido na América Latina poderá passar a ser transportado por barco e distribuído para toda a Europa a partir dos dois países europeus, lembrando ainda que outros passos de aproximação entre os dois continentes foram igualmente dados com a inauguração do cabo digital de alta qualidade, um equipamento que considerou como uma “gigantesca oportunidade” para “desenvolvermos em conjunto toda a economia com base em dados da inteligência artificial”.
Quanto mais estreitas e próximas forem as relações entre os países que integram a aliança Ibero-Americana, mais fácil será, segundo o primeiro-ministro, avançar com iniciativas tão distintas como a defesa e a proteção dos oceanos, e no “aproveitamento dos seus recursos”, uma cooperação que pode e deve ser também estendida a domínios como a “educação, a investigação científica ou a inovação tecnológica”.
Fundo de cooperação com CPLP
Na sua intervenção, António Costa referiu também a iniciativa de Portugal ao criar um fundo de um milhão de euros para a cooperação entre os países da América Latina com os que integram a Comunidade de Países de Língua Portuguesa, tendo na ocasião saudado a adesão, como observador, da CPLP junto da aliança Ibero-americana, algo que tinha já acontecido inversamente, mostrando-se otimista quanto ao facto de as sinergias poderem constituir um facto determinante para o “estreitar da cooperação entre as duas organizações”.
Houve ainda oportunidade para o primeiro-ministro enaltecer o trabalho do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, na campanha que lançou para o reforço do sistema financeiro internacional, defendendo ser igualmente fundamental dar força à Organização Internacional para as Migrações, dirigida pelo português António Vitorino, presente nesta cimeira, garantindo que Portugal tudo fará para o ver reeleito neste cargo.
Presente nesta cimeira na República Dominicana, para além dos mais altos dirigentes dos governos dos países ibero-americanos e dos chefes de Governo e de Estado de Portugal e Espanha, esteve também o alto representante da União Europeia para a política externa, Josep Borrell, que presidirá à próxima Cimeira União Europeia/Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos, marcada para julho em Bruxelas.