“Estando aqui nos Açores, quero recordar que, quando o PS não tem maioria, apesar de ter ganho, no dia seguinte acordam com um governo de toda a direita unida”, e que “nem sequer deixou de fora a extrema-direita do Chega”, alertou António Costa, em Vila Franca do Campo, onde marcou presença na apresentação dos candidatos do PS pelos Açores.
O líder socialista disse esperar, assim, que a experiência das eleições regionais de 2020 nos Açores “tenha sido uma vacina para todo o país”, de modo a que “todo o país se mobilize para uma vitória do PS” que impeça uma vitória do conjunto de toda a direita, incluindo da extrema-direita do Chega, nas legislativas.
“Portugal precisa de estabilidade e os portugueses merecem tranquilidade. Que ninguém deixe de votar, para garantir a estabilidade de que o país necessita e a maioria do PS para ter estabilidade durante quatro anos”, voltou a defender António Costa, reforçando o apelo ao voto.
“Só votando é que garantimos estabilidade e a maioria do PS, sem a qual não há estabilidade no país. Todos às urnas para uma grande vitória e para uma maioria do PS”, frisou.
Combater as “aventuras da direita”
Com o primeiro dia de campanha eleitoral oficial passado nos Açores, António Costa voltou a alertar para as “aventuras em que a direita quer lançar o país”, ao pretender confiar “pelo menos uma parte das contribuições” sociais aos mercados financeiros, em vez de defender uma Segurança Social garantida pelo Estado.
“Não queremos nem podemos querer as aventuras em que a direita quer lançar o país, de confiar pelo menos uma parte das contribuições de todos nós para serem geridas pelos mercados financeiros. Os açorianos na diáspora sabem o que aconteceu a milhares de americanos, quando o mercado faliu e as pensões deixaram de estar garantidas”, afirmou.
António Costa defendeu uma “Segurança Social pública”, para “todos e para todas as gerações”, assegurando que “daqui a 50 ou 100 anos o Estado está cá para garantir o sistema”.
No mesmo sentido, o Secretário-geral socialista defendeu que este também não é o tempo para “adiar a subida do salário mínimo nacional ou congelar a descida do IRS”.
“Não tenham ilusões. Quem não quer subir o salário mínimo muito menos quer subir o salário médio”, sustentou, assegurando que, da parte do PS, “a subida do salário mínimo é mesmo um início para a subida dos salários médios”.
António Costa avisou ainda, em matéria de reforma da justiça, que o “combate sem tréguas à corrupção” não pode ser travado com as tentativas da direita “de controlar a autonomia do Ministério Público”, conforme está implícito na proposta eleitoral do PSD.
“Este não é o tempo para novas aventuras, onde, a propósito da reforma da Justiça, o que verdadeiramente se pretende, a única intenção, é o controlo do poder político sobre a autonomia do Ministério Público, fragilizando a capacidade das autoridades judiciárias darem um combate sem tréguas à corrupção”, afirmou.
De acordo com António Costa, esse combate à corrupção “não pode ser travado com tentativas de controlar a autonomia do Ministério Público”.
Na apresentação dos candidatos da lista do PS pelo círculo eleitoral dos Açores às eleições legislativas, António Costa sustentou ainda que “este é o tempo de progresso e não de retrocesso”.
“Queremos garantir um Serviço Nacional de Saúde [SNS] cada vez mais forte, mas que seja universal, público e tendencialmente gratuito”, frisou.
“Não queremos, como a direita quer, um SNS onde a classe média seja obrigada a pagar os cuidados de saúde”, vincou o líder socialista.
Antes, o líder do PS/Açores, Vasco Cordeiro, fez também uma crítica à ausência prevista de Rui Rio na Região Autónoma durante a presente campanha eleitoral, observando que, ao contrário do PSD, que parece constrangido pelo acordo com o Chega na Região, os socialistas não têm razões para “esconder” o seu candidato a primeiro-ministro.
Uma ausência que mereceu também, de forma indireta, o reparo de António Costa.
“Para quem quer ser primeiro-ministro de todos os portugueses e portuguesas, não é possível uma campanha nacional para a Assembleia da República que não venha aos Açores. Os Açores são Portugal e fazem de Portugal um país atlântico”, disse o Secretário-geral do PS.