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A App mais discutida: Cultura Digital e segurança em tempo de Covid-19

A App mais discutida: Cultura Digital e segurança em tempo de Covid-19

Muito se tem escrito sobre a nova App de rastreamento de contactos para ajudar no controlo da Covid-19. Mesmo antes de existir e provar que vale a pena, já ganhou o prémio de App que suscitou mais discussão. É bom que isso aconteça. Perante um caso concreto, percebemos melhor a importância de todos termos uma cultura digital que nos permita perceber o que está em causa, o que damos e o que recebemos quando instalamos uma App desta natureza ou quando simplesmente participamos numa rede social.
Vem aí a regulação do digital

Para esclarecer algumas das interrogações que esta temática pode suscitar, o Acção Socialista Digital falou com a eurodeputada Maria Manuel Leitão Marques, ex-ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, que teve a seu cargo a recuperação do programa Simplex.

Eis algumas perguntas e respostas que podem ser úteis para entender do que se trata, no caso desta App, para que possamos decidir o que fazer com liberdade, mas sobretudo com informação em vez de temor desinformado.

Será que é uma App para controlar a nossa vida pessoal?

Não, é uma App para nos ajudar a viver mais seguros na nova normalidade, com menos medo de nos cruzarmos uns com os outros . Ajuda as autoridades de saúde a mapear os contactos de pessoas infectadas, de uma forma automática não apenas manual, assente na memória de quem foi testado positivo.

É um instrumento que nos poderá dispensar do distanciamento social ou do uso de máscara, onde esteja prevista?

Tomara que isso acontecesse, mas não vai, lamento a desilusão!

Esta aplicação regista a nossa localização, onde estamos , de onde viemos, para onde vamos?

A tecnologia utilizada é a de Bluetooth e não de GPS. É a mesma que permite ligar o nosso telemóvel ao nosso carro ou sincronizar o nosso telemóvel com aparelhos vários como SmartTVs, colunas de som portáteis.

A aplicação funciona através de instalação no nosso telemóvel. Vamos ser obrigados fazê-lo se quisermos ir à rua, tal como somos obrigados a usar máscara para andar nos transportes públicos?

Não, só instalaremos a App nos nossos telemóveis se assim o entendermos, e o sistema será desativado mal deixe de ser necessário (tomara que tenha vida curta).

E guardará os nossos dados?

Sim, mas de forma encriptada e apenas por 14 dias, o tempo de necessário para se saber se uma pessoa foi infectada.

Esta App respeita os nossos direitos fundamentais, como a privacidade e a proteção dos dados pessoais?

Sim, essa foi uma das condições impostas nas linhas de orientação aprovadas pela Autoridade Europeia de Proteção de Dados.

Devemos ter receio de a instalar nos nossos telemóveis?

Não me parece, por muito exigentes que devamos ser com a proteção dos nossos dados pessoais. Neste tempo de redes sociais, onde às vezes se partilha mais do que era esperado acerca da vida pessoal, uma App com estas características quase me parece inofensiva.

Então é uma App que devamos instalar quando ficar disponível?

A App só será útil se muitos a instalarmos, pelo menos 60% da população. Mesmo que cada um de nós tenha liberdade de decidir o que fazer, é importante avaliar também como podemos contribuir para uma circulação mais segura, por exemplo ajudar à retoma do turismo, tão importante para a recuperação do emprego.

Eu instalarei a nova App no meu telemóvel quando ficar disponível, com o mesmo risco e a mesma confiança com que uso tantas outras e o gosto de assim contribuir para a segurança coletiva e para o bom funcionamento do sistema de saúde.