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PS tem “saúde” porque rejeitou a direita e os frentismos

PS tem “saúde” porque rejeitou a direita e os frentismos

Ferro Rodrigues

Ferro Rodrigues afirmou que o PS liderado por António Costa escapou às crises de outros partidos socialistas porque rejeitou as alianças com a direita, mas também os frentismos de esquerda.

Falando em Bragança, no jantar que encerrou o primeiro de dois dias de Jornadas Parlamentares, o ex-secretário-geral do PS defendeu que o Partido se deve manter “no centro da esquerda, fiel à sua matriz” ideológica.

Ferro Rodrigues referiu também que, do ponto de vista pessoal, se tem interrogado sobre “qual será o segredo do sucesso comparativo dos socialistas portugueses” face a outros partidos da mesma família política.

“Sinceramente, acho que o segredo para a saúde política do PS está no facto de se ter mantido fiel à sua matriz de partido socialista democrático, europeu e reformista. Por essa Europa fora, a crise da família socialista assenta em casos muito distintos. Ao contrário do que por vezes nos querem fazer crer, não há um padrão único”, defendeu..

Ferro Rodrigues referiu então que há partidos socialistas que foram penalizados “por viabilizar governos e políticas de austeridade ou de direita, como na Grécia e na Holanda”. “Mas também há quem perca apoio por se virar para nichos mais radicais como acontece no Reino Unido e como vimos em França. Ora, talvez o segredo do sucesso do PS esteja precisamente no facto de não ter ido por nenhum destes dois caminhos. Nem viabilizou um programa que lhe era estranho, nem aderiu a nenhum frentismo programático geral”, apontou o presidente da Assembleia da República.

Segundo Ferro Rodrigues, nesta primeira metade de legislatura, o executivo de António Costa “tem procurado em negociação permanente no parlamento concretizar um programa de recuperação de rendimentos e de mudança de política económica, sem pôr em causa os compromissos internacionais de Portugal”.

“E aquilo que ao início parecia a fragilidade do acordo de Governo à esquerda revelou ser a sua maior virtude. E talvez seja por isso um dos poucos partidos socialistas capazes de fazer a síntese entre dois eleitorados essenciais a uma maioria de progresso: As classes trabalhadoras e as classes médias mais dinâmicas”, advogou ainda o antigo líder do PS.

Na sua intervenção, Ferro Rodrigues fez ainda referências elogiosas ao papel do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para a existência de estabilidade política em Portugal.

“À medida que a legislatura avança, o ambiente político e social vai-se normalizando e a confiança dos portugueses e dos investidores vai crescendo. Para isso tem contribuído o Presidente da República e, de uma maneira geral, todos os grandes protagonistas da vida política portuguesa”, disse.

Perante os deputados do PS, o presidente da Assembleia da República falou também na recente morte do fundador e primeiro líder dos socialistas, Mário Soares.

“Está a ser um ano repleto de emoções, muitas boas, outras menos boas para a família socialista, como foi o desaparecimento do militante número um, Mário Soares. Foi sempre o camarada número um, sempre disponível para dar a cara em todos os combates, o nosso querido Mário Soares”, completou.

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