Sobre a incapacidade para assumir os erros de governação, Vasco Cordeiro referiu que o Governo se apresentou “neste debate invocando, hoje, uma alegada pesada herança que recebera do passado”, tentando assim ocultar “a desorientação e o desespero em que está a cair”, porque, acrescentou, “uma leitura atenta da realidade e desta afirmação só permite uma de duas conclusões: ou o Governo está a faltar à verdade ou o Governo é perdulário e esbanjador”.
“Então, quem se diz submerso numa pesada herança de dívidas constitui o maior Governo Regional de sempre da história da Autonomia?! (…) Aumenta as nomeações políticas, e as remunerações dos nomeados da maneira como este Governo fez e ainda hoje faz?! (…) Passeia o autêntico exército de assessores e adjuntos que este Governo tem passeado? (…) Prescinde de receitas, como, não só aconteceu com a baixa de impostos, mas, também, com a solidariedade nacional por causa do Furacão Lorenzo?!”, questionou.
“É claro que não! Porque se alguém estivesse submerso em dívidas do passado e procedesse da maneira como este Governo tem procedido, não só seria perdulário, mas seria também profundamente incompetente”, realçou Vasco Cordeiro.
Em relação à incapacidade do Governo para dialogar, o socialista recordou os exemplos que se sucedem. “As agendas mobilizadoras foram o que se sabe. Os encaminhamentos de passageiros sabe-se o que foram. O fim do transporte marítimo de passageiros e viaturas foi igual. A definição dos termos em que serão aplicados os fundos estruturais vai pelo mesmo caminho das agendas mobilizadoras”, disse.
“Até nas visitas estatutárias, este Governo acabou com o tempo para receber o Povo que assim o desejasse, receando não se sabe bem o quê, nem se sabe bem quem”, acrescentou. Assim, considera, “neste simulacro de diálogo, em que uns falam e comem, e outros ouvem e calam, é também a um retrocesso de décadas que assistimos e, sobretudo, à mais atroz contradição entre a prática e o discurso”.
Falta de transparência é “enganar os açorianos”
Na terça-feira, o líder parlamentar do PS tinha já questionado a “falta de transparência” nas negociações entre os partidos de direita para viabilizar o Plano e Orçamento, dirigindo-se diretamente ao presidente do Governo regional para sublinhar que falta saber “a que custo” para os açorianos as mesmas foram finalizadas.
“O que estamos a assistir é a um jogo de sombras, em que cada um acha que se o outro não souber que cedeu, está tudo bem. E o problema está aí, na opacidade, na falta de transparência das negociações a que se tem assistido para que este Governo, pura e simplesmente, se mantenha no poder”, realçou, acusando os partidos da direita de transformarem o Plano e Orçamento em “algo de secundário” e “sem interessar qual é o custo”.
A questão é “saber se o sr. presidente do Governo aceitou ceder à chantagem que um partido desta casa lhe entendeu formular, publicamente, na passada sexta-feira”, disse Vasco Cordeiro, confrontando José Manuel Bolieiro com os ultimatos dados pelo Chega em torno de questões como a extinção da SATA Internacional e a proposta de criar apoios à natalidade “só para ricos”.
“Que resposta deu o Governo a estas questões? Silêncio absoluto. Estes são aspetos que continuam pendentes e que são essenciais para o debate da proposta de Plano e Orçamento”, afirmou.
O líder parlamentar socialista acusou, ainda, o Governo de direita de assumir um “comportamento arrogante” sobre o que se passou “com as agendas mobilizadoras e com os fundos para 2030”.
Vasco Cordeiro realçou, a este respeito, que “há questões principais que já foram colocadas pelo PS que ainda não estão esclarecidas, do ponto de vista de opções políticas estratégicas para o desenvolvimento da Região” e que, até agora, foram respondidas pelo Governo “com o mais puro e esclarecedor silêncio”.
“A aprovação deste Plano e deste Orçamento significará que este Governo aceitou submeter-se e subordinar-se às condições que lhe foram impostas na passada sexta-feira. Não conte com o PS com essa farsa, nem para esse jogo de sombras”, realçou o líder socialista.