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Respostas à Covid-19 ganham base cientifica mais sólida

Respostas à Covid-19 ganham base cientifica mais sólida

"Temos agora uma base científica mais sólida para tomar as decisões”, afirmou ontem António Costa, depois de os peritos terem correspondido ao seu apelo para consensualizarem um modelo de respostas à Covid-19.
Respostas à Covid-19 ganham base cientifica mais sólida

“É importante encontrar uma metodologia que pudesse partilhar com a comunidade sobre qual é a sustentação científica dos riscos diferenciados, porque isso ajuda toda a gente a perceber as medidas adotadas e facilita a adesão. Sinto-me com ferramentas para ter um processo de decisão mais sustentado”, declarou o primeiro-ministro no final da reunião no Infarmed, que teve lugar esta segunda-feira, em Lisboa.

“O decisor político fica, a partir de agora, habilitado a ter uma base científica mais sólida para tomar as suas decisões”, disse o chefe do Governo após ter sido apresentado um plano de desconfinamento assente nos critérios e objetivos consensualizados pelas equipas de peritos das diferentes especialidades.

O primeiro-ministro agradeceu às equipas de especialistas que “apresentaram de forma diversa e tendencialmente convergente” o plano com um conjunto de critérios que “permitem mapear o processo de decisão” por parte do Governo.

Na sua declaração, o líder socialista elogiou o esforço e dedicação que os peritos realizaram para corresponder “ao apelo” que lançou há cerca de um mês, no sentido de encontrarem um consenso alargado por forma a clarificar os critérios para o novo plano de desconfinamento.

Fortes ameaças permanecem

Por seu lado, a ministra da Saúde, Marta Temido, alertou para o facto de, apesar da “tendência decrescente da pandemia” registada nas últimas semanas, permanecerem latentes “três ameaças”, designadamente o risco de transmissão, que “está novamente a subir”, a prevalência da chamada variante do Reino Unido ser superior a 60% e a diminuição da adesão da população às medidas de confinamento.

A ministra da Saúde sublinhou que o índice de risco de transmissibilidade (conhecido como Rt) “atingiu o valor mínimo de 0,61 em 10 de fevereiro” e regista uma nova trajetória de aumento, o que representa, segundo Marta Temido, “um sinal ao qual temos de estar atentos”.

A ministra alertou, ainda, para o facto de a variante do Reino Unido ser mais contagiosa e perigosa, pelo que a sua predominância no país é motivo de preocupação acrescida.

“A variante do Reino Unido, que, de acordo com estimativas realizadas no passado, constituía uma preocupação com tendência crescente, representará hoje 65% daquilo que são os casos de SARS-CoV-2 positivos no país. Atingimos uma representatividade acima de 60% não no momento de meados de fevereiro, como chegámos a estimar, mas agora, de acordo com os últimos números disponíveis”, adiantou Marta Temido.

Marta Temido referiu que os indicadores mostram que o nível de confinamento da população “tem vindo a reduzir-se” desde a “última semana de janeiro”, onde foram registados os valores mais altos, sendo que, desde então, “a situação tem vindo a alterar-se, com uma maior mobilidade da população” a nível nacional.

A ministra remeteu para a próxima reunião do Conselho de Ministros, que será realizado na quinta-feira, o anúncio de novas decisões, fazendo notar que “nenhuma das apresentações [realizadas pelos peritos na reunião] apresentou datas precisas”, mas sim “níveis específicos de atuação face à situação do contexto” nacional.

A ministra da Saúde referiu que os próximos passos passam por refletir e ouvir os agentes políticos sobre os dados mais recentes, alertando para a necessidade de não aligeirar nem tirar o foco sobre “as ameaças que continuamos a enfrentar”.

“Aquilo que se seguirá são os passos habituais de auscultação de partidos e de reflexão sobre os dados que hoje foram partilhados. O Conselho de Ministros da próxima quinta-feira irá apreciar todos os elementos e, oportunamente, comunicará as decisões”, referiu a ministra, para quem, alertou, “o que é relevante é que percebamos o contexto que temos e que nos leva a não perder de vista as ameaças que continuamos a enfrentar”.