Esta posição foi transmitida por Mariana Vieira da Silva, na conferência de imprensa no final do Conselho de Ministros, contrapondo, em comentário à posição assumida pela presidente do BCE, Christine Lagarde, sobre a necessidade de os governos europeus não adotarem novas medidas de apoios financeiros e de aumentos salariais para não estimular a inflação, que a adoção de medidas de austeridade já provou, no passado, ter corrido mal quer no plano económico, quer no plano orçamental.
“Em Portugal, em particular, já houve experiências passadas do que acontece quando não se responde às necessidades das populações. Quando assim acontece a vida não corre bem nem do ponto de vista económico, nem do ponto de vista orçamental”, sustentou.
Mariana Vieira da Silva argumentou, neste sentido, que “cabe a este Governo, tendo em conta o contexto económico e social, tomar as medidas que considera necessárias”.
“Por isso, em 2022 tivemos medidas de valor significativo – 5,7 mil milhões de euros, cerca de 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB) – para responder a uma situação de crise. Aquilo que posso garantir é que não deixaremos de ter medidas quando considerarmos que elas são necessárias, porque há um equilíbrio que é sempre preciso garantir. Com o aumento do custo de vida, as pessoas precisam de ter condições para viver”, afirmou.
Mariana Vieira da Silva observou ainda que, quando se olha para os números da inflação em Portugal e para a generalidade dos indicadores económicos e sociais, a conclusão “é que a estratégia tem sido certa e adequada”.
“Estamos num contexto mundial com pressões diversas e muitos intervenientes, entre os quais algumas organizações internacionais. Para o Governo é essencial a existência de um conjunto de medidas que procurem combater a inflação, combater o aumento dos preços da energia, proteger as famílias mais vulneráveis e ter também medidas direcionadas à classe média”, advogou.
Salientando que é feita “uma avaliação permanente” sobre a evolução da conjuntura económica e financeira, Mariana Vieira da Silva observou que o Governo “tem definido medidas com calendários e temporalidades distintas ao longo deste tempo”, umas de natureza mais temporária e excecional, outras de caráter mais estrutural, “como são exemplo as pensões e os salários dos funcionários públicos”.
Ainda de acordo com a governante, conforme a evolução dos juros e da inflação, o executivo analisará se serão necessárias, ou não, mais medidas.
“É isso que fazemos sempre. Apresentamos medidas suplementares sempre que consideramos que é necessária uma resposta adicional. É para isso que serve ter contas certas e capacidade orçamental”, concluiu a ministra da Presidência.