“Depois das fantasias anti Bruxelas das bancadas ao lado [esquerdo] do Partido Socialista e, de alguma maneira, até o exercício penoso de negação daquele que foi o contributo do Bloco de Esquerda e do PCP nos últimos anos para melhorar Portugal, gostaria de me concentrar naquilo que foram as observações da direita”, indicou o dirigente socialista durante o debate sobre o PNR.
Ora, a Iniciativa Liberal demonstrou “coragem” ao apresentar esta manhã um projeto de resolução em que afirma que “o Governo não tem a mínima ideia do que quer fazer”, ironizou o socialista, elogiando essa “coragem”. Mostrando um documento com muito poucas páginas, Carlos Pereira explicou que se trata do que “a Iniciativa Liberal quer fazer para reformar Portugal”, o que contrasta com o que “o Governo quer fazer para reformar Portugal”, exibindo um documento volumoso.
“O povo não deve perceber por que razão não aproveitou a capacidade de iniciativa da Iniciativa Liberal, a criatividade, a energia para apresentar um Plano Nacional de Reformas que, de facto, interesse o país”, sustentou o parlamentar.
“Quanto ao PSD, devo dizer que está, ao longo desta semana, num limbo, porque chegou ao debate do PEC a dizer que o Governo tinha apenas 50 páginas para o Plano de Estabilidade e Crescimento e apresentou um projeto de resolução”, começou por afirmar Carlos Pereira, acrescentando que, no entanto, “chegou ao debate do Programa Nacional de Reformas, um plano importante, significativo, de mãos a abanar”.
O socialista destacou que “o PSD tem um histórico nesta matéria complicado, porque houve umas alturas em que o PSD dizia, por exemplo, que no PRR sabia exatamente o que queria fazer e nessa altura até criticava o PS que tinha menos dinheiro para as empresas, criticava o PS que tinha menos dinheiro para a saúde, criticava o PS que tinha menos dinheiro para a digitalização. Ora, quando fomos ver a proposta do PSD, era o PSD que tinha menos dinheiro para as empresas, menos dinheiro para a saúde, menos dinheiro para a digitalização”.
Os social-democratas “chegaram esta semana aos debates de mãos a abanar, sem visão estratégica e sem nenhuma proposta para o país”, denunciou.
Relativamente ao Chega, Carlos Pereira informou o deputado André Ventura que, “sobre ação climática, a União Europeia é a primeira a dizer que Portugal está na linha da frente do combate e da ação climática”. Sobre o crescimento económico, o socialista admitiu que “o melhor é trazer uns desenhos”, já que o deputado do Chega “não percebe minimamente o que é divergência e o que é convergência”.
“Podemos não estar a crescer como o Sr. deputado gostaria, como nós também gostaríamos, mas estamos a crescer mais que a União Europeia, mesmo que isso custe ao Sr. deputado”, concluiu.
PNR reflete a estratégia do Governo para o crescimento do país
“O Programa Nacional de Reformas de 2022 reflete a estratégia do Governo para o crescimento do país aliando as políticas públicas nacionais com, naturalmente, as políticas europeias”, começou por afirmar o deputado do PS Pedro Coimbra, que explicou que o documento “cumpre o duplo papel de contribuir para o exercício do semestre europeu, mas também para o reporte do mecanismo de recuperação e resiliência”.
“Além de atender às recomendações dirigidas a Portugal, responde também aos desafios económicos e sociais do país estruturando-se em torno da estratégia do Portugal 2030 e estando, deste modo, alinhado com os programas de modernização e de financiamento dos fundos da União Europeia”, mencionou o socialista.
Asseverando que “a economia portuguesa está em condições de dar um salto histórico na sua competitividade com mais inovação, com mais criação de riqueza, com desenvolvimento de produtos e serviços de valor altamente acrescentado”, Pedro Coimbra enumerou as quatro agendas da estratégia Portugal 2030 que o PNR estipula, sendo a primeira pôr as pessoas em primeiro lugar, “no melhor equilíbrio demográfico, com maior inclusão e com menos desigualdade”.
“A digitalização, a inovação e a qualificação como motores de desenvolvimento; a transição climática e a sustentabilidade dos recursos no centro da ação política; e a competitividade externa e a coesão interna como prioridades fundamentais” são os outros objetivos.
O deputado do PS assegurou que o PNR “propõe um conjunto de medidas concretas para dar resposta aos bloqueios estruturais que o país enfrenta, mas também, de forma clara, para dar resposta ao impacto provocado pelo Covid”.
“Por outro lado, o PNR tem também opções estratégicas decorrentes da invasão militar da Ucrânia pela Rússia que, inevitavelmente, tem tido e terá impactos significativos, sobretudo sociais e macroeconómicos”, notou.