No frente a frente com o líder do Chega, transmitido ontem pela TVI, o Secretário-Geral socialista reafirmou que a visão de futuro para o país que a candidatura do PS defende prima pela moderação, em contraponto com o conhecido “esbracejar” vazio de André Ventura.
Pedro Nuno Santos fez uma apreciação crítica do posicionamento do partido de Ventura, considerando que as medidas do Chega, até agora conhecidas, são “irresponsáveis e irrealistas”.
“O programa do Chega, que nós ainda não conhecemos, mas olhando para o do ano passado, baixa os impostos todos, aumenta a despesa toda, é uma irresponsabilidade, é irrealismo, não é para levar a sério”, afirmou o líder do PS, censurando o estilo de André Ventura que, sinalizou, “fala alto, esbraceja, mas não diz nada de concreto, nem apresenta soluções para resolver os problemas dos portugueses”.
Sobre os temas económicos, que abriram o debate, a pretexto da ameaça à economia portuguesa que representam as tarifas sobre as exportações aplicadas pelos Estados Unidos da América, Pedro Nuno Santos evidenciou haver “uma incompreensão de André Ventura face à economia nacional”, lembrando que a guerra comercial imposta pelo Presidente norte-americano traz consequências severas para um país como Portugal, que “precisa de exportar e não pode apenas viver do mercado interno”.
Ainda a propósito das tarifas anunciadas pelos Estados Unidos da América, o líder do PS desafiou o presidente do Chega a dizer claramente se “está do lado dos portugueses ou do seu amigo e aliado Trump” nesta matéria.
E sustentou que “defender os portugueses é combater as tarifas de Donald Trump, avisando que uma corrida protecionista ao estilo do que apregoa André Ventura, iria “prejudicar a ter um dano tremendo na economia nacional”.
No contra ataque à retórica de Ventura em torno da TAP e da CP, o Secretário-Geral do PS reiterou que estas duas empresas “deram cronicamente prejuízo” e que, sob a sua tutela governativa, as deixou “a dar lucro”, aproveitando ainda para desmentir o imputado “desastre na habitação” ao recordar que, enquanto ministro, lançou “o maior programa de construção de habitação pública”, que está agora a dar resultados.
De seguida, pontualizou que “o PS apresenta o programa mais cauteloso e mais prudente”, com o conjunto das medidas socialistas a custarem metade que as da AD.
“As nossas medidas vão diretamente ao encontro da redução do custo de vida dos portugueses”, indicou, exemplificando com a redução do IVA nos bens alimentares, que “beneficia quem ganha menos”.
Desafios da imigração exigem posição equilibrada
No capítulo da imigração, “um tema complexo” que “não pode ficar entre extremos”, Pedro Nuno Santos advogou pela “regulação com regras e canais de entrada”, além de “incentivos para que quem queira vir viver e trabalhar em Portugal, possa entrar pelas vias legais”.
Neste ponto, acusou Ventura de “mentir sistematicamente sobre imigração” porque, na realidade, “o Chega precisa de um inimigo e de medo para existir”.
“Alimentar o ódio, o medo e a divisão na sociedade portuguesa não é bom”, alertou, instando o líder do Chega a assumir que a imigração foi importante para garantir as taxas de crescimento da economia nos últimos anos.
Além disso, insistiu, “é preciso dizer uma verdade: as contribuições dos imigrantes para a Segurança Social são cinco vezes superiores ao que recebem”.
Quanto às quotas na imigração que o Chega defende, o Secretário-Geral do PS sinalizou não terem funcionado no passado.
“Temos de investir nos serviços consulares para terem capacidade de resposta, sabendo que há setores da economia que precisam de imigrantes e que temos de preparar o país para os receber”, contrapôs.
Combate firme e sem tréguas à corrupção
Com a discussão virada para as questões da segurança interna, Pedro Nuno Santos voltou a referir que os indicadores desmentem a relação que o Chega quer forçar entre imigração e crime.
Enfatizando que os socialistas são “contra todos os crimes”, sejam eles cometidos por estrangeiros ou nacionais, o líder do PS disse querer “garantir que quem comete crimes, cumpre pena em Portugal”, enquanto o Chega não consegue assegurar, com as deportações imediatas que advoga, que “quem comete crimes cumpre pena lá fora”.
Na reta final, a corrupção foi o tema de fundo com o líder do PS a deixar claro que o Partido “defende um combate firme e sem tréguas” a este flagelo, recordando que a maior parte dos mecanismos legais foram feitos, introduzidos e aprovados por governos socialistas.
“Mas o André Ventura e o Chega não têm autoridade moral nenhuma para apontar o dedo a quem quer que seja”, pois tem a bancada parlamentar “com mais problemas com a justiça”, rematou Pedro Nuno Santos.