PS dirige mensagem de “esperança e confiança” ao povo açoriano
Como sublinhou na sua intervenção, “esta solução de Governo precisa desesperadamente de esconder que, apesar de ter a força da soma dos mandatos parlamentares, não tem a força da legitimidade do voto dos açorianos”. Apesar de muitos terem afirmado que “a soma dos votos dos partidos que suportam e apoiam o Governo é superior aos votos obtidos pelo Partido Socialista e que, portando, na sua opinião, isso dá legitimidade do voto a esta solução do Governo”, a verdade é que nunca assumiram, antes das eleições, “perante o povo açoriano que, se tivessem maioria de mandatos, formariam um Governo”.
“O PSD disse que nunca se coligaria com o Chega; o Chega disse que era um partido antissistema e que, portanto, isso de apoiar governos não era com eles. O PPM disse do líder do PSD, e o atual presidente do Governo, aquilo que Maomé não disse do toucinho…”, apontou.
Por tudo isso, Vasco Cordeiro garante que os açorianos podem ter, da parte do Partido Socialista, “esperança e confiança nos méritos da nossa autonomia, mesmo considerando os aspetos em que ela pode ser melhorada e aperfeiçoada. Esperança e confiança nos órgãos de governo próprio da nossa Região, entre os quais se inclui, como primeiro e principal, este Parlamento. Esperança e confiança nos Açores e nos açorianos, naquilo que nos une, naquilo que nos motiva, naquilo que nos orgulha como Povo e como Região”.
“Sem temores, sem receios, é com esperança e confiança que o Grupo Parlamentar do Partido Socialista se apresenta para servir os Açores e os açorianos nesta XII Legislatura, com honra e com orgulho no mandato que o povo açoriano nos concedeu”, assegurou.
Programa do Governo é motivo de “grande preocupação” e encerra contradições graves
Na sua intervenção, Vasco Cordeiro manifestou também “grande preocupação” face ao programa apresentado pelo XIII Governo, que mereceu o voto contra de mais dois partidos eleitos para o Parlamento, realçando as contradições entre as propostas e a prática e os prejuízos que podem advir para os açorianos.
Tendo em conta que a entrada “em plenitude de funções” do Governo depende da aprovação do seu programa, o presidente do Grupo Parlamentar socialista considera que “este é um dos momentos maiores do exercício da autonomia”, pelo que se exige “particular clareza, transparência e concretização”. Mas, no final dos três dias de debate sobre o programa que a coligação tem para o Governo, conclui-se que “não é este o caminho que os Açores devem seguir para não deixar ninguém para trás”.
O que este debate revelou é “motivo de apreensão” e de “grande preocupação”, realçou Vasco Cordeiro, para quem o documento debatido não disfarça “uma desesperada tentativa de justificar a tomada do poder” e que “fazer a casa a começar pelo teto” não terá um “resultado positivo”.
Para Vasco Cordeiro, durante o debate, o Governo “oscilou, erraticamente” entre anunciar medidas que são cópia ou continuidade das medidas que “tanto combateram como negativo, no passado” e entre “a ausência de resposta quanto a metas, objetivos ou formas de concretizar as generalidades nas quais o Programa de Governo é pródigo”.
Outra das conclusões que se retira, prosseguiu, é que “este governo é mais diligente e pressuroso em atacar o PS e o seu património político, do que em olhar o futuro e o desenvolvimento dos Açores”.
As posturas dos secretários regionais das Finanças e da Saúde foram demonstrativas disso mesmo, exemplificou, referindo, em relação ao primeiro, o “lamentável episódio da ‘decisão’ que, afinal não era ‘decisão’, mas que, – repare-se -, no entender do senhor secretário, não pode deixar de ser a decisão a tomar pela Comissão Europeia sobre a SATA”.
“O senhor secretário regional das Finanças mentiu ao Parlamento dos Açores e mentiu ao povo açoriano”, condenou Vasco Cordeiro, lamentando a “irresponsabilidade e a leviandade demonstradas num assunto de tamanha importância estratégica” e questionando a coerência com que o responsável se apresentará na próxima reunião com a Comissão Europeia sobre este assunto, para defender a SATA e os Açores.
Igualmente condenável, apontou, foi o comportamento do secretário regional da Saúde, que “três dias após ter anunciado o apocalipse no Serviço Regional de Saúde, entre ruturas e colapsos – claro está, insinuando a culpa do anterior Governo do Partido Socialista -, que lançaram o alarme, a angústia e o medo, veio, ele próprio, desmentir-se: afinal, não era verdade o que tinha dito antes, o Serviço Regional de Saúde não está à beira da rutura, nem à beira do colapso”.
“Este Governo diz uma coisa e faz o seu contrário”, pontuou Vasco Cordeiro.