O Secretário-Geral do PS defendeu, esta quinta-feira, na capital belga, que a aliança estratégica entre a Europa e os Estados Unidos continua a ser “absolutamente decisiva” para o futuro comum em matéria de segurança e defesa, sublinhando, porém, que essa relação deve assentar no “respeito pleno pelo projeto europeu e pelos seus valores fundamentais”.
À entrada para a reunião dos líderes do Partido Socialista Europeu (PSE), que antecede a cimeira de chefes de Estado e de Governo da União Europeia, José Luís Carneiro enquadrou o momento político atual como particularmente relevante, tendo em conta a apresentação recente da estratégia de defesa nacional da administração Trump, marcada por uma leitura crítica do papel europeu.
Neste contexto, o líder socialista salientou a importância acrescida que assume o diálogo entre os partidos progressistas do velho continente na preparação do Conselho Europeu.
“Entendemos que a aliança estratégica da Europa com os Estados Unidos é absolutamente decisiva para o nosso futuro, para a nossa segurança e defesa”, indicou, reiterando, contudo, que a Europa não está “sob pressão nem sob controlo” de potências aliadas, que devem respeitar a singularidade do projeto europeu.
Esta é uma posição que, evidenciou José Luís Carneiro, está em linha com a visão expressa pelo presidente do Conselho Europeu, António Costa, assente na afirmação da autonomia e da identidade próprias da União.
A este propósito, fez ainda questão de fazer notar que os valores fundamentais da Europa assentam num modelo de desenvolvimento baseado no conhecimento, na sustentabilidade, na inclusão e na proteção dos trabalhadores, bem como num modelo económico equilibrado.
“É esse modelo, sustentado na coesão social, económica e territorial, que continua a inspirar tantas e tantos em todo o mundo, que procuram a Europa como espaço de bem-estar, de oportunidades e de desenvolvimento”, enfatizou, insistindo em que o momento presente é decisivo para reafirmar esses princípios, tanto no contexto da procura de uma paz justa para a Ucrânia — que respeite o direito internacional e o multilateralismo — como no esforço europeu de consolidação da sua autonomia estratégica.
Essa autonomia deve, assinalou, “abranger a segurança e a defesa, a dimensão económica e financeira, com recursos próprios, bem como a soberania alimentar, sempre em articulação com a defesa do modelo europeu de coesão”.
Apoio à Ucrânia e acordo com o Mercosul
Perante os progressistas europeus, José Luís Carneiro chamou também a atenção para a relevância das decisões que estão em cima da mesa nos próximos dias, nomeadamente o acordo entre a União Europeia e o Mercosul, previsto para assinatura a 20 de dezembro.
Este entendimento, vincou o líder socialista português, terá impactos significativos no futuro económico e no desenvolvimento dos dois grandes blocos, exigindo “uma avaliação rigorosa e alinhada com os interesses estratégicos europeus”.
Os líderes da União Europeia reúnem-se, a partir de hoje, em Bruxelas, para discutir, entre outros dossiês centrais, o apoio financeiro à Ucrânia para 2026 e 2027, incluindo a possibilidade de um empréstimo de reparações assente nos ativos russos imobilizados.
Trata-se de uma das reuniões mais relevantes do atual ciclo político europeu, dada a urgência em garantir meios financeiros estáveis para apoiar a Ucrânia nos próximos anos e reforçar a posição da Europa num contexto internacional particularmente exigente.