Maria Begonha começou por avaliar, esta quarta-feira, na audição da ministra Dalila Rodrigues no âmbito da apreciação na especialidade da proposta de Orçamento do Estado para 2025, a postura “pouco democrática” da ministra que, ao contrário do que disse na sua intervenção, “não presta contas, não enfrenta o escrutínio, a crítica, o debate de ideias sobre a área que tutela”.
“Desde que a ministra iniciou funções, tem redefinido o conceito de um Ministério discreto”, ironizou a vice-presidente da bancada socialista, esclarecendo que “é tão discreta a ação, as opções de política da senhora ministra, são tão reduzidas as intervenções que conhecemos sobre o seu pensamento, a sua falta de agenda pública, o silêncio que tem para com o setor que ausculta”, que acaba por se “tornar ruidoso”.
Lamentando que Dalila Rodrigues “ignore o Parlamento”, Maria Begonha defendeu que esta atitude “é mais grave quando tutela um setor que lutou sempre historicamente pela sua visibilidade e pela sua relevância nas opções de política pública e de investimento”.
Ora, “esta postura – que está entre a invisibilidade e a senhora ministra tentar esconder-se – contribui para a perda de peso político no seio do Governo em contraste com a anterior governação”, avisou.
“A senhora ministra tem considerado que ia passar despercebida a ausência de estratégia”, mas estava errada, assegurou Maria Begonha. E recordou o episódio do projeto do Partido Socialista sobre o mecenato cultural – uma “medida estruturante e bem acolhida pelo setor” –, que foi chumbado pelos partidos que apoiam o Governo em acordo com o Chega, “porque estaria iminente o diploma por iniciativa da senhora ministra”.
No entanto, o resultado desta jogada política foi não haver qualquer diploma para o mecenato, lamentou a socialista, que perguntou à governante o motivo da demora.
Maria Begonha indicou também o Conselho de Ministros dedicado à cultura que decorreu no passado mês de outubro, mas que não aprovou qualquer diploma ou política.
A vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS comentou, no final da sua intervenção, que a ministra da Cultura não desenvolveu qualquer política para a área desde que assumiu funções, “para além de exonerações, reestruturações, nomeações de pessoas e grupos de trabalho”.