António Costa voltou esta manhã ao município de Mação, um dos mais fustigados pelos incêndios florestais nos últimos anos, onde afirmou que a reforma estrutural da floresta é “um desafio para décadas” e não uma reforma que possa acontecer de um ano para outro. Apelou também aos proprietários e donos dos terrenos para que não fiquem para trás e se envolvam em todo o processo de prevenção dos fogos florestais.
Uma tarefa que o primeiro-ministro reconhece ser, apesar de tudo, difícil, quando se sabe, por exemplo, como acontece no município de Mação, que 75% dos proprietários florestais não residem no concelho. Uma realidade que é semelhante ao que acontece em outras partes do país, lembrando António Costa que, em muitos casos, há ainda a considerar o facto de o rendimento gerado nesses territórios florestais “nem sequer pagar o esforço para a limpeza”.
Quanto às medidas de prevenção dos incêndios florestais, sempre tão reclamadas e sempre tão necessárias, como salientou, o que se sabe é que as alterações climáticas têm contribuído, ano após ano, para o aumento do risco de incêndio nas florestas nacionais. Este facto levou António Costa a elogiar a construção pela autarquia do conjunto de faixas de prevenção nas florestas do concelho, medida que tem permitido, como garantiu, “criar zonas de descontinuidade” que têm ajudado “todos os que têm ido para o terreno combater os incêndios”.
A par desta intervenção na floresta, o primeiro-ministro lembrou ainda que a autarquia participa ativamente no programa das Áreas Integradas de Gestão Florestal, no âmbito do PRR, uma iniciativa que “visa garantir a gestão comum dos espaços agroflorestais”.
Acordo de Paris
Mesmo que a humanidade consiga alcançar as metas a que se propôs no Acordo de Paris, de manter o aquecimento global abaixo de 1,5 graus até ao final do século, o que já se sabe, disse o primeiro-ministro, é que o risco de incêndios nas florestas “irá sempre aumentar cerca de seis vezes”, insistindo que tudo o que se fizer em matéria de prevenção e de planeamento florestal é bem-vindo, mas ainda assim insuficiente perante o crescente aumento do risco de fogos provocados pelas alterações climáticas.
A tarefa de transformar estruturalmente a floresta, algo que só se conseguirá “lá para 2060”, sendo um “desafio para décadas”, não obriga, contudo, a deixar para amanhã o que se pode e deve fazer hoje. Destacando António Costa, a propósito, que mais importante do que ter os meios suficientes para combater os fogos, é “prevenir o risco de incêndio”, o que se consegue, como referiu, intervindo na “transformação da paisagem, da floresta e do território”.