Intervindo numa conferência de imprensa ao lado do homologo polaco, Mateusz Morawiecki, António Costa voltou a alertar os líderes europeus para as condições ímpares que Portugal tem de poder abastecer a Europa com gás e hidrogénio verde a partir do porto de Sines, minimizando deste modo a dependência do gás russo. Uma garantia que recebeu de imediato a concordância do primeiro-ministro polaco, que lembrou que há muito tempo que o seu país reivindica que os Estados-membros da UE devem deixar de recorrer ao abastecimento de gás e de petróleo russo.
Portugal defende há muito uma transição energética “baseada em renováveis”, como referiu o primeiro-ministro, que na ocasião manifestou satisfação por Mateusz Morawiecki ter defendido que o abastecimento energético aos países da Europa de leste passe a ser feito com recurso ao porto de Sines, uma solução que ambos políticos consideram viável, como o líder polaco a referir a “capacidade logística” dos terminais portuários do seu país em termos de receção e descarga.
Para António Costa, é igualmente prioritário que o investimento nas interconexões entre a Península Ibéria e o resto da Europa avancem, lembrando que este é um dos objetivos estratégicos não só para o abastecimento do gás natural proveniente dos Estados Unidos da América e da Nigéria, “mas também em relação ao futuro abastecimento de hidrogénio verde de produção nacional”.
Ambos os líderes defenderam nesta conferência de imprensa a necessidade de a Europa ter de encontrar, quanto antes, “respostas rápidas e imediatas” para a questão do abastecimento energético, referindo António Costa que Portugal está a discutir com todos os governos europeus a possibilidade de utilizar o porto de Sines como plataforma de transferência, a partir de grandes navios metaneiros, para outros de média e pequena dimensões, “que terão melhores condições para operar nas zonas mais congestionadas no mar do Norte e do mar do Báltico”.
Alargar os apoios ao acolhimento de refugiados
Para além das questões energéticas, António Costa, deixou a garantia de que Portugal vai reforçar o apoio material à Polónia no esforço que este país está a fazer no acolhimento aos refugiados ucranianos, num valor “até ao montante máximo” de 50 milhões de euros, traduzidos no envio de “casas pré-fabricadas, casas modelares, produtos farmacêuticos e bens alimentares, roupa e calçado”, entre outros, voltando a referir que o país continua disponível para colaborar com as autoridades polacas na partilha do esforço de acolhimento dos refugiados ucranianos.
De acordo com o chefe do executivo, este imbróglio criado pela invasão da Rússia a um país vizinho, sem qualquer justificação e ao arrepio dos tratados internacionais, veio reforçar os laços de solidariedade e de proximidade de Portugal com a Polónia e a Ucrânia, deixando António Costa a garantia a Mateusz Morawiecki de que “a Polónia pode contar com todo o nosso apoio nesse seu esforço de ajuda humanitária aos refugiados ucranianos”.
Quanto à crise alimentar provocada, sobretudo, como referiu António Costa, pela liderança russa de Vladimir Putin, que está a “impedir que a Ucrânia exporte os seus cereais”, facto que está já a causar, como lembrou, uma crise gravíssima em muitos países africanos, o primeiro-ministro defendeu ser este um dos “principais desafios” que o mundo tem agora que enfrentar, e que tudo deve ser feito “para que a Ucrânia possa voltar a exportar os bens alimentares que produz”.
Visita ao centro de refugiados em Varsóvia
Após o encontro com o seu homólogo polaco, António Costa deslocou-se ao Estádio Nacional de Varsóvia, onde está instalado o maior centro de acolhimento a refugiados da guerra na Ucrânia, reiterando a promessa de solidariedade de Portugal no processo de acolhimento, instalação e encaminhamento.
Nos múltiplos balcões de atendimento montados no estádio pelas autoridades polacas, está também disponível um folheto da Segurança Social portuguesa, escrito em ucraniano e em polaco, descrevendo com detalhe o tipo de apoios para quem decidir deslocar-se para Portugal.
Nesse folheto informativo, indica-se o valor mensal em euros que cada refugiado pode beneficiar em Portugal com o acesso a prestações sociais, como o abono de família, apoios pré-natal, rendimento social de inserção, ou pensão social de velhice.
Na ocasião, António Costa referiu que Portugal já recebeu 36 mil refugiados ucranianos, número, como admitiu, que tenderá agora a “estabilizar”.