“A presidência portuguesa em conjunto com as presidências eslovena e francesa, que sucedem à presidência portuguesa, acordaram a criação de um grupo de peritos de alto nível que irá dar continuidade à reflexão aqui iniciada”, disse João Leão na abertura do último grande evento do semestre português, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
O ministro adiantou que o grupo de peritos, “que será formado nas próximas semanas, irá refletir sobre o legado da crise, das medidas necessárias para promover o crescimento potencial da economia europeia, e dos moldes em que a política económica da União Europeia poderá responder a este propósito”, acrescentando que os resultados deste trabalho deverão ser apresentados “até ao final do ano”.
Na sua intervenção, João Leão apontou ainda vários desafios com que a economia europeia se depara, notando, nomeadamente, a projeção do PIB da UE para 2022 em “cerca de três pontos percentuais abaixo do que se teria verificado se não tivesse havido uma crise pandémica”, assim como um nível de investimento em Investigação e Desenvolvimento que ainda se situa em um ponto percentual abaixo do que é realizado pelos Estados Unidos.
“O futuro da economia europeia terá obrigatoriamente de passar pelo reforço da forma como se posiciona face aos outros grandes blocos económicos, nomeadamente nos objetivos de neutralidade carbónica, na inovação tecnológica, e nas principais tecnologias”, disse.
Assim, João Leão considera que “é necessário lançar o debate acerca da política económica na Europa e da governação económica”, e como deve o modelo atual “ser adaptado para garantir uma recuperação robusta e inclusiva, ao mesmo tempo que se assegura a sustentabilidade das finanças públicas”.
Depois da sessão de abertura, o evento terá dois painéis de debate, sendo o primeiro moderado pelo ministro das Finanças português, contando com a participação do economista Olivier Blanchard como orador convidado, a quem se juntarão os homólogos da Eslovénia, Andrej Sircelj, e de França, Bruno Le Maire, o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, e Irene Tinagli, presidente da Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu, entre outras personalidades.
A Cimeira encerra a presidência portuguesa “com os olhos postos no futuro”, como também assinalou esta quarta-feira o primeiro-ministro, António Costa, que destacou três momentos do semestre nos planos económico e financeiro.
“Depois de termos posto em marcha o ‘Next Generation EU’ e o próximo quadro financeiro plurianual, a Cimeira da Recuperação lança o debate que marcará os próximos meses sobre o futuro da governação económica da Europa”, sintetizou o líder do Governo português.