A guerra que a Rússia – responsável por mais de 40% das exportações para a Europa de gás natural – está a perpetrar na Ucrânia, coloca em cima da mesa com mais veemência a tese há muito defendida pelo Governo português de que a Europa “tem de ter a capacidade suficiente para diversificar as suas fontes energéticas”, lembrando que Sines tem aqui uma palavra a dizer, uma vez que tem a “necessária capacidade” para poder responder, no abastecimento com gás natural liquefeito (LNG), a “mais do que apenas ao mercado português”.
Falando à margem de um seminário em Lisboa, o ministro do Ambiente e da Ação Climática defendeu que há investimentos que não podem ser protelados por mais tempo, referindo a este propósito a necessidade de se construir o pipeline entre Sines e França, uma forma sustentada de aumentar a capacidade de reserva de gás natural na Europa, mas também de armazenar hidrogénio verde, não devendo igualmente serem deixados para trás, como apontou, as mais “eficientes e modernas formas de descarregar gás dos navios”, sendo este aspeto, na opinião do ministro, um “projeto essencial para toda a Europa”.
Portugal, como lembrou João Pedro Matos Fernandes, compra gás sobretudo a países como a Argélia e Nigéria, sendo por isso muito pouco dependente do fornecimento do gás russo, cerca de apenas 10%, recordando, contudo, um episódio recente de corte de relações entre a Argélia e Marrocos que teve a imediata consequência de ter “inviabilizado o fornecimento de gás a Portugal através de Espanha”.
Um episódio, como assinalou o ministro, que veio provar que a Europa não pode continuar a estar por muito mais tempo acomodada à atual situação, havendo a absoluta necessidade de começar desde já a encontrar formas de diversificar as suas fontes energéticas, considerando que o cenário que a Europa enfrenta neste momento, face “à invasão da Ucrânia pela Rússia”, é ainda mais grave para o conjunto dos países europeus.
Quanto ao ‘pipeline’ que o Governo quer ver concretizado, ligando Sines a França, o ministro alertou a União Europeia para a urgência da sua construção, lamentando que Bruxelas não o tenha incluído “nos projetos prioritários para a energia”. Voltando a recordar que este seria um equipamento estruturante, Matos Fernandes assinalou que não se alterando a presente dependência das fontes de energia, é o conjunto da Europa que “correrá mais riscos do que Portugal”.
Na quinta-feira, refira-se, a REN – Redes Energéticas Nacionais afirmou que Terminal de Sines assegurou a totalidade do abastecimento de gás natural em Portugal durante o mês de fevereiro, tendo-se ainda registado exportações, através da interligação com Espanha, equivalentes a 10% do consumo nacional.
