Na conclusão de um Conselho Europeu que não logrou alcançar uma posição comum sobre a aquele que era um dos principais pontos da agenda, expondo “uma divergência de fundo” entre duas visões distintas no espaço comunitário, o líder do Governo português explicou que o nuclear e as taxas de carbono foram as duas matérias que impediram um consenso.
“Não foi possível adotar nenhuma resolução relativamente à questão da energia, não obstante todos terem expressado uma grande preocupação com a situação de volatilidade dos preços da energia, devido a uma divergência de fundo e que se revelou inultrapassável, não propriamente sobre a questão dos preços, mas sobre dois temas essenciais”, revelou.
Recordando que o acordo a 27 sobre o objetivo da neutralidade carbónica na UE em 2050 já foi alcançado, e durante a presidência portuguesa no primeiro semestre do ano, com a aprovação da Lei do Clima, o chefe de Governo português apontou que “a divergência já não está no objetivo, está no caminho para alcançar esse objetivo”.
Segundo o primeiro-ministro, “por um lado, um conjunto de países insistem que se deve considerar a energia nuclear como uma energia importante para a transição climática”. Por outro, acrescentou, “uma maioria significativa de países”, entre os quais se inclui Portugal, “que recusa ver a energia nuclear como uma energia verde e segura, e que, portanto, deva ser vista como uma boa energia para assegurar a transição climática”.
António Costa explicou, depois, que o segundo ponto de divergência se deve ao facto de “alguns Estados-membros entenderem que é necessário pôr termo às taxas sobre a emissão de carbono, que têm sido um instrumento muito importante para induzir os investimentos necessários para apoiar a transição climática”.
Neste contexto, afirmou o líder socialista, “a situação em Portugal é particularmente exemplar”.
“Tendo em conta que, num contexto de grande subida da energia, nós temos uma redução de energia elétrica no mercado regulado e uma grande redução da tarifa de ligação à rede por parte da indústria, o que só é possível graças ao facto de termos começado a investir cedo nas energias renováveis, e termos hoje já uma incorporação muito elevada no nosso ‘mix’ energético de energias renováveis”, sustentou António Costa.
Da cimeira de Bruxelas, o primeiro-ministro português destacou ainda “a mobilização geral” no combate à pandemia de Covid-19, sublinhando que “o conjunto de medidas adotadas para responder à crise económica e social está a provar bem”, o que é patente na recuperação dos indicadores económicos, em particular no que respeita ao emprego.