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João Azevedo: “Sinto nas ruas de Viseu uma enorme vontade de mudança”

João Azevedo: “Sinto nas ruas de Viseu uma enorme vontade de mudança”

João Azevedo é provavelmente o candidato socialista com mais possibilidades de derrubar o dogma de que o PSD não perde uma eleição em Viseu.

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João Azevedo

Uma entrevista importante ao podcast ‘Política com Palavra’ em que diz aos viseenses o que podem esperar para os próximos anos se o elegerem no dia 26 de setembro.

Luís Osório – Porque é importante ganhar a Câmara Municipal de Viseu?

João Azevedo – É um serviço público, uma missão. E não digo isto com nenhuma reserva mental, gosto muito das pessoas e sempre gostei muito de estar junto a elas para lhes resolver os problemas. Viseu é um enorme desafio, uma capital de distrito, uma cidade e um concelho pujante com uma afirmação territorial muito forte. Contribuir para que Viseu seja um território de primeira divisão é o meu objetivo.

LO – Neste momento não o é?

JA – Não, neste momento não o é. Nos últimos anos Viseu perdeu importância, deixou de ter uma cultura de proximidade com o poder central e vive fechada sobre si própria.

LO – Porque acha que aconteceu?

JA – Pelas características das lideranças. Têm sido lideranças fechadas, centradas nas decisões locais e muito pouco sedutoras junto do poder central e até regional. Viseu perdeu população, perdeu na academia, não ganhou indústria, não é competitiva no emprego. A nossa candidatura é muito aberta e temos de virar a página àquela ideia de que em Viseu ganha sempre o mesmo partido, que ganham sempre os mesmos. Os territórios não são dos partidos, são de pessoas.

LO – Nos últimos quase 50 anos tem sido uma inevitabilidade a vitória do PSD em Viseu. Mas será mesmo uma inevitabilidade?

JA – Tenho a convicção de que nas últimas décadas o PS sempre teve pessoas determinadas, mas por vezes incompreendidas. É necessário fazermos um trabalho mais profundo e eu sou um maratonista que sei bem o quanto a afirmação política precisa de tempo. Num território pequeno, como Mangualde, é necessário menos tempo para criar uma alternativa, mas num território maior o trabalho terá de ser mais profundo e demorado.

LO – No entanto, provou que não há inevitabilidades na política quando conquistou Mangualde.

JA – O Dr. Jorge Coelho acompanhou-me neste projeto político e disse-me muitas vezes que esta consolidação se fazia com tempo e dedicação e capacidade para resolver problemas e fazer força política no território. O PS não atingiu os objetivos nas últimas décadas, mas vai atingir agora, vamos ganhar as eleições.

LO – Sinto que acredita mesmo nessa possibilidade.

JA – Vamos ganhar as eleições, sim. Oiço o sussurro da rua e das pessoas, sinto isso em permanência. Havia o tabu de que seríamos mal recebidos nos bairros, nas ruas, nas aldeias, na cidade e tem sido precisamente o contrário, toda a gente me recebe muito bem. Deixemo-nos de lutas maniqueístas, do branco contra o preto ou do vermelho contra o verde

LO – Peço-lhe três ideias do seu programa. O que irá mudar em Viseu se conquistar as eleições?

JA – Em primeiro lugar, o concelho tem de ser competitivo na indústria e no emprego. Aposta numa indústria moderna, limpa, com melhores salários, mais competitiva e com conhecimento do que está em jogo no futuro. Está desajustada a ideia de que nos territórios apenas é necessário continuar a fazer rotundas. Não é que não sejam necessárias as rotundas, é preciso sempre consolidá-las, mas temos de ter pessoas, aumentar pessoas, qualificá-las.

LO – Segunda ideia central?

JA – Ter uma câmara e um presidente muito mais próximo das pessoas. Não haver bloqueios, não haver atrasos nas respostas, Viseu está na idade da pedra relativamente à resposta aos investidores, aos licenciamentos, à resolução de problemas. Não sou eu que o digo, mas milhares de pessoas.

LO – Assume essa responsabilidade?

JA – Assumo essa responsabilidade porque o faço naturalmente há muitos anos. Sou próximo das pessoas desde que me conheço e dou-lhe o exemplo de Mangualde. Fui candidato a quatro eleições e acabei com 70 por cento. Isso não me iliba de ter cometido erros, como é evidente, mas no final 70 por cento das pessoas que votaram fizeram-no em mim.

LO – Mas sendo um político que está próximo das pessoas tinha a vantagem de conhecer o nome de todos os eleitores de Mangualde.

JA – Naturalmente, não tenha dúvidas. Mangualde tinha cerca de 20 mil eleitores, mas também conheço muito bem Viseu. Estou quase há dois anos no terreno, conheço já muito bem a cidade. Mas é isto, voltando atrás, não posso aceitar que um investidor não invista por ter falta de resposta, não é possível.

LO – Vamos ao terceiro eixo.

JA – O empoderamento. O PRR e o PT 2020 e 2030 representam a década de ouro no investimento, há quem ache que é tudo um conto de fadas, mas não é. Ou temos pessoas com a dinâmica e a capacidade para aproveitar este momento ou perdemos uma possibilidade de ouro.

LO – Consigo como presidente, até pela proximidade com o governo central, existirá maior possibilidade de aproveitar os recursos disponíveis em benefício de Viseu?

JA – Há sempre queixas, há sempre a ideia do Calimero e não sou nada disso. António Costa conhece-me bem e eu também o conheço a ele, julgo que existir uma relação de proximidade entre o presidente da Câmara de Viseu e o primeiro-ministro será certamente uma vantagem.

LO – Dê-me exemplos concretos do que os viseenses poderão esperar se o elegerem.

JA – Dou-lhe vários exemplos de áreas em que investiremos. Na mobilidade ferroviária e rodoviária, na saúde, no investimento no emprego e indústria. Viseu tem de aproveitar estes próximos dez anos. Se não aproveitarmos estes anos de investimento nunca mais ultrapassaremos esta passividade.

LO – Surpreendeu-o a escolha de Fernando Ruas?

JA – Foi escolhido por ter acontecido uma fatalidade ao Dr. Almeida Henriques. O Dr. Fernando Ruas foi no seu tempo um autarca de excelência, mas neste momento não tem espaço político para transformar Viseu, não é pessoa para isso. A rua está a dizer-nos que, pelo contrário, os viseenses acreditam que a mudança acontecerá. Temos um grupo de generais e soldados mobilizados num objetivo comum, temos uma equipa de centenas de pessoas que estão a trabalhar muito.

LO – O que é Viseu para si?

JA – É um porta-aviões com um futuro enorme. É preciso uma equipa que lidere e que crie paz institucional, quem lidera uma autarquia como Viseu tem de fazer pontes de tolerância, de saber ouvir todas as sensibilidades políticas e sociais para criar um concelho forte. Não digo por acaso, fi-lo no passado. Temos de subir à primeira divisão, merecemos isso. E deixarmos de uma vez por todas de achar que em Viseu nada acontece. Que não acontece o IP3, que não acontece a ferrovia, que não acontece a saúde. Mas vai acontecer, vai acontecer se tivermos pessoas a puxar para o mesmo lado.

LO – Se ganhar as eleições, se estiver na liderança dos destinos de Viseu nos próximos dez anos, que cidade encontraremos em 2030?

JA – Gostava muito que Viseu tivesse em 2030 um potencial na atratividade de investimento, uma cidade com mais pessoas, com mais indústria e uma cidade mais forte na mobilidade territorial.

LO – O IP3 vai ou não ficar resolvido?

JA – Garantia absoluta que sim. Viseu tem de ser liderante na saúde também.

LO – A sua candidatura é muito atrativa para os jovens no concelho.

JA – Sem dúvida. É uma força da nossa candidatura. Mas a nossa candidatura é de todos, novos e velhos. Temos de apostar no desporto, no lazer e no ordenamento do território. Temos de requalificar espaços, a começar pelo casco velho da cidade onde existem grandes limitações. Digo-lhe outra coisa, não vamos deitar fora os bons projetos, de maneira nenhuma. A Feira de São Mateus é a joia da coroa da cidade e tem de ser mantida e melhorada, a Feira representa o potencial da captação do turismo e o potencial económico do concelho, é um acelerador da economia. Temos de juntar o que há de bom.

LO – Existe uma crispação na política portuguesa, mas não me parece que João Azevedo contribua para essa agressividade, todos me dizem que o senhor é uma pessoa de quem toda a gente gosta.

JA – Nenhuma agressividade, tudo ao contrário. Sou muito afirmativo nas convicções, determinado na decisão, mas um homem tolerante e de fazer pontes. Reajo bem ao confronto político, dou-me bem com as pessoas, aprendi muito com a vida. Há uma coisa de que me orgulho, todas as equipas que liderei sempre me respeitaram muito. Respeito muito as equipas.

LO – Como define as pessoas da Viseu?

JA – tratam-me muito bem, muito carinhosas para comigo. Por acaso nasci e estudei em Viseu, mas há milhares de pessoas que não nasceram em Viseu, milhares de pessoas que produzem riqueza e que contribuem para que a cidade e o concelho sejam mais fortes.

LO – Já me deu a sua convicção de que ganhará as eleições, mas se não as ganhar acredita quer um dia será presidente da Câmara de Viseu?

JA – Certo, é isso mesmo. De uma maneira ou de outra a minha história com Viseu não acabará no dia 26 de setembro. Mas tenho mesmo a convicção de que ganharemos as eleições já, seria uma perda de oportunidade se não for já. É um sonho para Viseu ter uma junta, uma câmara e um governo.

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